Narrado por Maya
Se alguém tivesse me dito que um dia eu ia dividir uma casa com o homem mais temido do país — o assassino mais procurado, o rosto mais odiado pelo FBI — e ainda assim acordar sorrindo todos os dias, eu teria rido alto. Dito que era delírio. Que isso não existia.
Mas hoje... hoje eu abri os olhos com a luz suave da manhã entrando pela janela da cobertura e o cheiro do Bento no travesseiro do lado.
E sorri.
A cozinha já tinha barulho. Ele sempre acordava antes de mim. Às vezes fazia café, às vezes só ficava ali, sentado no balcão com o cigarro entre os dedos, olhando pela vidraça a cidade que ele um dia comandou nas sombras. Hoje, ele só observava. Só vivia.
— Tá viva? — ele perguntou, quando me viu chegando, com a voz rouca de sono e aquele olhar debochado que me tirava do sério e me deixava completamente apaixonada ao mesmo tempo.
— Mais ou menos — falei, bocejando e amarrando o cabelo num coque alto.
Ele se aproximou com uma xícara de café na mão e me entregou.
— Tá