Ava
Acordei com o rosto molhado.
De suor. De lágrimas.
De tudo que transbordava de dentro.
O lençol embolado entre minhas pernas, o quarto escuro, abafado, sufocante.
Respirei fundo, tentando encontrar algum ar no meio do peito apertado.
Não consegui.
O sonho ainda grudava na pele.
Brian rindo de mim.
Na igreja.
Na frente de todos.
Apontando.
Dizendo: “Você é gorda. Ridícula. Quem é que casaria com uma coisa dessas?”
Me encolhi na cama como uma criança.
O tempo passava. Os minutos devoravam minha sanidade. E eu só conseguia pensar em uma coisa: comida.
Eu precisava enterrar aquilo com alguma coisa.
Precisava preencher o buraco no peito, no estômago, na alma.
Levantei sem pensar. Vesti o robe que estava no encosto da poltrona, saí do quarto sem fazer barulho. Já era tarde, a casa estava silenciosa, exceto por um segurança que assentiu quando me viu passar. Ele não disse nada. Ninguém dizia.
Desci até a cozinha.
Estava tudo ali.
Croissants. Doces. Uma torta de maçã inteira na geladeira.