O céu de Santa Aurélia estava pesado, encoberto por nuvens que prometiam chuva. Clara Menezes chegara ao prédio da promotoria local com passos apressados e o rosto tenso. Passara a noite vasculhando contatos, e pela manhã, um telefonema de um informante confirmou o que ela temia: Adriano Monteiro estava livre.
— Fugiu durante a troca de turno — disse a voz ao telefone. — Não houve resistência, nenhum tiro, nenhum alarme. Simplesmente… sumiu.
Clara não conseguiu dormir depois disso. As lembranças do ataque na pousada voltaram em flashes — o som do disparo, o sangue de Gabriel, a fuga desesperada pela estrada. Ela sabia que Adriano não era um homem que fugia para se esconder. Ele fugia para atacar.
No solar Ferraz, Isabel lia um livro ao lado de Gabriel, que se recuperava bem. Havia um ar de serenidade contida. Os dois tentavam voltar à rotina, e por algumas horas conseguiram acreditar que o pior havia ficado para trás.
Até o telefone tocar.
Clara falava rápido, sem pausas.
— Isabel, es