A manhã em Santa Aurélia começou sob uma tensão silenciosa. O salão de eventos do jornal Aurélia News estava lotado: câmeras, jornalistas e curiosos se amontoavam na expectativa da entrevista que prometia estremecer a cidade. No centro do palco improvisado, duas cadeiras e um microfone aguardavam Isabel e Gabriel Ferraz.
Clara Menezes observava de um canto, os olhos atentos e o semblante grave. Ela sabia que aquele momento era mais do que uma simples entrevista. Era a linha entre o passado e o futuro — entre o medo e a coragem.
Isabel entrou primeiro, trajando um vestido branco simples, o cabelo preso, o rosto sereno, mas o olhar firme. O burburinho cessou. Gabriel veio logo atrás, ainda pálido, mas recuperado o bastante para estar de pé ao lado dela. Quando se sentaram, o silêncio tomou conta da sala.
Henrique Sampaio, o jornalista que conduziria a entrevista, ajeitou os papéis à sua frente.
— Senhora Ferraz, senhor Ferraz… o país inteiro os observa hoje. Há quem os veja como vítimas