A noite estava pesada em Valdívia, abafada pelo calor e pelo silêncio opressivo da mansão Monteiro. Adriano caminhava de um lado para o outro no escritório, ainda perturbado pela lembrança de Isabel ao lado de Gabriel em Santa Aurélia. A imagem o corroía, e cada passo pelo tapete era como uma tentativa frustrada de conter a fúria.
Foi então que Elena entrou. Estava pálida, os olhos carregados de uma ansiedade que não conseguia disfarçar. Ela fechou a porta atrás de si e ficou parada, observando-o com cautela.
— Precisamos conversar — disse, a voz firme apesar do nervosismo.
Adriano se virou, irritado.
— Agora não, Elena. Não vê que estou ocupado?
— Não é algo que possa esperar — retrucou ela, dando um passo à frente. — Estou grávida.
O silêncio que se seguiu foi tão intenso que parecia possível ouvi-lo rachar no ar. Adriano ficou imóvel, o rosto congelado, como se as palavras não tivessem sentido imediato. Então, lentamente, sua expressão mudou, e um misto de incredulidade e desespero