A noite caiu sobre Santa Aurélia com uma suavidade rara, como se o próprio tempo quisesse desacelerar. O solar estava silencioso, exceto pelo tilintar da louça sendo disposta na sala de jantar. Teresa, sempre atenta, havia decidido preparar uma refeição menor, apenas para Isabel e Gabriel. Queria observar com seus próprios olhos como os dois se ajustavam à nova realidade.
A mesa, apesar da simplicidade, estava impecável. Velas altas iluminavam os pratos, e o aroma de ervas frescas espalhava-se pelo ar. Isabel entrou primeiro, e por um instante sentiu o coração apertar: lembranças de tantos jantares em Valdívia, em que se sentava ao lado de Adriano, tentaram invadir sua mente. Mas a presença de Gabriel, quando surgiu à porta, afastou as sombras.
Ele se aproximou com calma e, sem esforço, puxou a cadeira para ela.
— Hoje parece nervosa — observou, sentando-se em seguida.
— Não sei… — Isabel mexeu nos dedos, sorrindo de leve. — Acho que ainda não me acostumei a… ser vista.
— Então veja a