A noite chegava lentamente a Santa Aurélia, tingindo o céu de tons azulados e prateados. No solar, Isabel caminhava pelos corredores com passos leves, ainda com os cabelos soltos após o passeio ao lago. Havia uma tranquilidade rara em seu peito, e ela sabia exatamente de onde vinha: Gabriel.
Encontrou-o no salão principal, já sem o paletó, a gravata afrouxada, um copo de vinho repousando sobre a mesa lateral. Ele parecia mais humano assim, menos distante da figura impecável do empresário que todos conheciam. Isabel parou na porta por um instante, apenas observando.
— Vai ficar aí parada, me analisando? — a voz dele quebrou o silêncio, suave, mas carregada de uma ironia discreta.
Isabel riu, aproximando-se.
— Estou apenas tentando entender como consegue ser tão… certo de tudo.
Gabriel a fitou com calma, os olhos cinzentos brilhando sob a luz baixa das lamparinas.
— Eu não sou. Só aprendi a não mostrar minhas dúvidas.
Ela sentou-se ao lado dele, tão perto que podia sentir o calor que em