O dia no solar começou com uma calma quase enganosa. O céu estava limpo, e o vento soprava suave, espalhando o perfume das flores recém-abertas. Isabel caminhava pelo jardim, sentindo os pés leves sobre a grama úmida. A memória da noite anterior — a confissão, o toque de Gabriel em sua mão, a promessa silenciosa de aprenderem juntos — ainda a aquecia por dentro.
Ela se surpreendia com a rapidez com que sua percepção mudava. O solar, antes um espaço de lembranças e de obrigações, agora parecia abrigar também um futuro. E esse futuro tinha o rosto de Gabriel.
Ao retornar para a casa, encontrou-o no salão, revisando alguns papéis. Mas, quando a viu, deixou tudo de lado, como se nada fosse mais importante do que ela naquele instante.
— Bom dia, Isabel. Dormiu bem?
— Melhor do que em muitos anos — respondeu, sorrindo, um pouco tímida. — Acho que já consigo respirar sem medo.
Gabriel se aproximou, parando diante dela.
— E eu quero que continue assim. Não apenas porque fizemos um acordo, mas