Andrew
O amanhecer chegava arrastado, pintando a floresta com tons de cinza e âmbar. Um silêncio pesado pairava no ar, o tipo de silêncio que não é paz — é aviso. O tipo que antecede a perda.
Meu corpo se moveu antes que minha mente entendesse o que estava acontecendo. O frio da terra úmida me invadia os ossos, e o cheiro de sangue seco e terra misturados à fumaça da noite anterior ainda pairava pela aldeia. Voltei para dentro da toca — e o vazio me atingiu.
O espaço onde ela estava, agora estava frio.
Elara não estava lá.
Por um instante, pensei que talvez ela tivesse saído para respirar, buscar água, observar o amanhecer. Mas o ar denunciava a ausência dela. O vínculo, aquele laço invisível que me apertava o peito, estava tênue. Quase inexistente.
Meu coração começou a bater mais rápido.
— Elara? — chamei baixo, com a voz embargada.
Nada. Nem o farfalhar de uma folha em resposta.
Levantei num salto, os pés descalços pisando em raízes úmidas, os músculos retesados. A cada passo, m