Elara
A toca estava silenciosa, mas o silêncio era apenas aparente. Cada sombra parecia se mover, cada estalo do fogo me lembrava do que havíamos despertado. O calor das chamas não conseguia aquecer minha mente — apenas realçava o frio que corria pela espinha, o aperto no peito que não me deixava respirar direito. Sentada no chão de pedra, os joelhos dobrados, abracei-os, tentando me convencer de que estava segura. Mas não estava. Nunca estaria.
O Livro Negro ainda queimava em minha mente. Cada palavra que o ancião havia lido reverberava dentro de mim, misturando-se com minha culpa, meu medo e a sensação esmagadora de responsabilidade. Tudo o que acontecera, tudo o que poderíamos provocar, era agora minha sombra constante. Minha própria respiração parecia pesada demais, cada inspiração um lembrete do que poderia vir.
E então, vieram os uivos.
Lá fora, na floresta, ecos agudos e prolongados rasgaram o amanhecer, se infiltrando pela pequena passagem da toca, fazendo meus pelos se arrepi