Elara
O silêncio que se abateu sobre a clareira parecia pesado como pedra. O vento não ousava soprar; o fogo das tochas tremeluziu, engolido por uma antecipação quase sagrada. Eu podia sentir cada respiração ao meu redor, cada nervo estirado, cada olhar fixo. E no centro de tudo, o Livro Negro, encadernado em couro antigo, exalava cheiro de tempo queimado, de memórias esquecidas, de verdades enterradas com sangue e medo.
Minha mão tremia levemente enquanto Adrian a segurava. Sua presença era um muro contra o pavor que tentava me consumir — uma âncora firme no meio de uma tempestade invisível. O calor de sua pele, o peso de seu corpo pressionando o meu, me lembrava que, por mais que a escuridão me cercasse, eu não estava sozinha. E, mesmo assim, o terror começou a se enraizar.
O ancião que se aproximou do Livro respirou fundo. Seu rosto, iluminado pelas chamas, parecia uma máscara de pedra e sombra. Ele abriu o volume com um estalo que fez meu coração saltar. O som era como se a própria