Elara
Eu nunca havia sentido o silêncio tão pesado. Era como se as paredes da cabana respirassem junto comigo, um ar denso e saturado, impregnado de segredos antigos e de um medo que eu não tinha pedido para carregar.
Adrian estava parado diante de mim, os olhos escuros como a noite, a mandíbula cerrada em conflito entre ficar e ir. Ele havia segurado minhas mãos com força, como se temesse que, se me soltasse, eu desapareceria para sempre. E talvez fosse exatamente isso que ele sentia: que eu estava a um sopro de me perder.
— Preciso ir — falou Adrian olhando em meus olhos.
— Como? Pensei que fossemos juntos.
— Primeiro preciso ir sozinho — ele disse, finalmente. A voz rouca, carregada de dor e firmeza. — Se não falar com os anciões agora, corro o risco de perder a única chance de garantir que você seja aceita.
— Aceita? — repeti, como se a palavra fosse uma língua estrangeira que eu não compreendia. — Você fala como se eu fosse um objeto a ser validado, Adrian. Como se minha existênc