(POV Selene)
O ar da Cidade dos Caçadores era diferente de qualquer outro lugar que eu já havia respirado. Cheirava a ferro oxidado, fumaça encharcada de óleo e suor de prisioneiros. Cada parede parecia cuspir dor, e cada sombra tinha olhos.
Caminhava ao lado de Elias, o capuz cobrindo meu rosto. Ele seguia na frente, os passos firmes, calculados, como se fosse parte daquilo — e, de certa forma, era. O corpo dele sabia se mover entre os caçadores sem levantar suspeita. O meu não. O selo queimava tanto que eu tinha medo de que brilhasse através da pele.
— Mais devagar — ele murmurou, baixo, sem olhar para mim. — Você anda como quem carrega segredo. E aqui, segredo é sentença de morte.
Engoli seco, ajustando o passo. Mas não adiantava: o segredo não estava nos meus pés, estava no peito. Cada batida do meu coração chamava o nome dela.
Ivy.
Desde que coloquei os pés naquele lugar, o elo não parava de tremer. Era como se um segundo selo tivesse despertado, feito de dor e sangue. O peso del