(POV Selene)
O sol mal nasceu e já sinto que o dia me empurra para o abismo.
O ar no depósito está pesado, carregado de ferro e pólvora, como se as paredes tivessem absorvido cada grito e cada queda dos últimos treinos. Meu corpo dói em lugares que nem sabia que existiam, mas a dor já não assusta tanto quanto o silêncio entre eles.
Dorian anda em círculos, sombra viva, cada passo dele riscando o chão como sentença. Os olhos nunca param em nada além de mim. E cada vez que se cruzam com os meus, o selo arde como fogo escondido sob a pele.
Ronan está de pé, imóvel, a lâmina apoiada no ombro. Parece estátua de pedra, mas sei que cada músculo dele vigia, pronto para reagir ao menor movimento. Não fala, mas sinto que a mente dele já me mede, já decide se eu sobreviveria a outra batalha.
Caelan está encostado na janela quebrada, a luz da manhã entrando pelas fendas e acendendo os olhos prateados. O sorriso preguiçoso não esconde nada. Ele gosta de me ver presa nesse triângulo de fogo, gelo e