(POV Selene)
A marca ainda mancha a parede externa do depósito — a lua crescente mordendo o próprio rabo. Mesmo lavada, ela insiste em voltar, como se a tinta tivesse aprendido a respirar.
Por dentro, o ar é um caldo de café velho, metal e pólvora. A mesa foi arrastada para o centro. Mapas, facas, um rádio chiando sem utilidade. Dorian está de pé, braços cruzados, o olhar pesado sobre tudo e sobre mim. Ronan abre e fecha caixas como se isso fosse um exercício de respiração. Caelan gira uma adaga entre os dedos, entediado de propósito.
— Sentem — Dorian diz, sem levantar a voz. Ele não precisa.
Obedeço. Meus músculos ainda ardem do treino e da falta de sono, mas a mente está acesa demais para descansar. Desde a marca. Desde o quase-beijo que virou nada. Desde o uivo.
— Eles acharam a gente — digo antes que alguém comece. O silêncio que se segue é uma confirmação. — O que vão fazer agora?
Ronan estica um mapa amassado. Cicatrizes de caneta formam círculos e setas.
— Três rotas de aproxi