(POV Selene)
O abrigo improvisado parecia menor naquela manhã. As pedras úmidas, a fumaça do fogo baixo e o cheiro metálico de lâminas afiadas deixavam o ar denso demais. A mesa improvisada com tábuas velhas e caixas foi empurrada para o centro, carregada de mapas amassados, facas espalhadas e um rádio antigo que só chiava.
Ronan estava de pé, postura ereta, como uma muralha. Dorian ocupava o canto, braços cruzados, olhos escuros pesando sobre cada detalhe. Caelan girava uma adaga entre os dedos, preguiçoso, mas atento.
E eu? Sentada no lado mais frio da mesa, me sentia menos como parte do conselho e mais como o assunto dele.
— Eles acharam a gente. — Minha voz quebrou o silêncio antes que algum deles começasse. O gosto amargo das palavras ficou na boca. — A marca não foi só ameaça. Foi aviso.
Ronan abriu o mapa sobre a madeira, linhas traçadas em círculos e setas. — Três rotas possíveis de aproximação. — Apontou com a ponta da faca. — Sul: caçadores humanos. Leste: Filhos da Lua.