(POV Selene)
O chão duro está coberto de marcas de faca, arranhões e sangue seco. Parece que cada pedaço deste depósito carrega a memória de uma batalha perdida. Eu me movo sobre ele com dificuldade, ofegante, o bastão pesado demais nas mãos.
— Mais rápido. — A voz de Ronan é um trovão, sem piedade. — Se pensar, já morreu.
Avanço. Giro. Ataco. Meus músculos ardem, e o suor escorre pela minha têmpora. Ele bloqueia cada golpe como se fosse nada, o olhar sempre frio, calculando meus erros.
— Você hesita. — Ele segura meu bastão no meio do movimento, torce com força e o arranca das minhas mãos. — O inimigo não vai te dar tempo para decidir se bate ou corre.
Caio de joelhos, arfando.
— Eu não sou uma guerreira! — grito, mais de frustração do que de dor.
— É. — Ronan joga o bastão de volta, e ele desliza até parar diante de mim. — Só não aceita ainda.
As palavras dele ficam presas na minha mente, duras como pedra. Parte de mim quer jogá-las no lixo. Outra parte… sente que ele está certo.
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