(POV Selene)
A marca ainda ardia na minha mente quando finalmente consegui fechar os olhos. A lua mordendo o próprio rabo, desenhada em tinta escura e fumaça, parecia me observar até dentro dos sonhos.
Não dormi de verdade. O que tive foram fragmentos — estalos de galhos, olhos vermelhos brilhando, o grito que não parecia meu. Cada vez que acordava, sentia o corpo suado, a cicatriz queimando, e o silêncio pesado dos outros ao redor.
Quando o primeiro clarão cinzento do amanhecer entrou pelas fendas das pedras, percebi que não estava sozinha.
Caelan estava sentado perto da entrada, afiando a lâmina com calma, o sorriso preguiçoso estampado no rosto como se a noite inteira não tivesse acontecido. O som metálico da pedra roçando na adaga se misturava ao meu coração acelerado.
— Você não dorme nunca? — perguntei, a voz ainda rouca.
Ele se virou devagar, como se tivesse esperado a pergunta. — Dormir é para quem não tem nada interessante para vigiar. — O sorriso se ampliou. — E você, p