Ecos de Ferro
(POV Ivy)
O silêncio era o mesmo da cela.
Pesado, abafado, espesso — o tipo de silêncio que cola na pele como poeira antiga.
Por um instante, achei que ainda estava lá: acorrentada, respirando o cheiro de ferro e sangue seco, esperando o som dos passos que sempre vinham antes da dor.
Mas o ar era diferente.
Havia cheiro de terra úmida.
E… fumaça.
Fumaça de fogueira, não de corpos queimando.
Abri os olhos com dificuldade.
A claridade me feriu.
Tudo era luz demais depois de tanto escuro.
Estava deitada em uma tenda rústica, o teto feito de couro e galhos trançados. O tecido deixava passar feixes de luar prateado que se moviam conforme o vento.
Meu corpo doía — cada músculo, cada osso. As marcas nos pulsos ainda estavam abertas, mas limpas.
Alguém havia cuidado de mim.
Tentei me mover, mas o selo queimou no peito.
O mesmo selo que a Lua marcou em Selene — a minha Selene.
Ele pulsava em sincronia com o meu coração, como se me lembrasse de que ainda estávamos ligadas.
E entã