Luna Bolívar é uma jovem de espírito livre, marcada por um mistério ancestral que ela mal compreende. Após a morte trágica de sua mãe, Luna é forçada a se mudar para a cidade de Lendcity, para morar com Eliezer, um homem enigmático e misterioso. Na nova casa, Luna logo percebe que seu destino está entrelaçado com segredos antigos e forças sobrenaturais, especialmente quando ela começa a ter sonhos e sensações estranhas, como se fosse atraída por algo além da realidade. Em sua jornada, Luna é confrontada por Ravena, uma empregada com laços sombrios com a família Bolívar e uma conexão com o mundo das bruxas. Ravena guarda em si o peso de uma maldição ancestral, que a liga a um pacto de servidão com a família de Luna, um vínculo que remonta a gerações passadas. Quando Luna começa a questionar sua própria identidade e os poderes que começam a despertar dentro dela, ela se vê dividida entre o desejo de descobrir a verdade e o medo das consequências. Seu primeiro dia na escola a coloca frente a frente com Darius Mathewook, um misterioso e atraente colega de classe. Embora ele pareça um simples estudante, algo em seus olhos a faz sentir uma conexão indescritível e estranha. Ela logo descobre que ele não é quem aparenta ser, e que sua presença está ligada a algo muito maior — um segredo sombrio que desafia as leis da natureza. À medida que Luna se aprofunda nos mistérios que cercam sua linhagem, ela se vê atraída para o desconhecido, onde magia, lobos e os segredos do luar se entrelaçam.
Ler maisBem vinda a Lendcity
A estrada estava vazia, com árvores imponentes à margem e um céu cinza pesado acima. Luna olhava pela janela do carro, os olhos marejados, mas já sem lágrimas. A dor da perda da mãe ainda estava cravada em seu peito, mas já fazia parte de seu ser, como uma cicatriz que, por mais que doída, era impossível de ignorar. O luto a engolia, e cada quilômetro que a afastava de sua antiga vida em Nova York parecia mais um peso em seus ombros. Ela nunca havia conhecido seu pai, Eliezer Bolívar. Nunca teve motivo para isso, até agora. A carta, com palavras frias, mas que, de alguma forma, sentiu o peso de uma tentativa de conexão, foi o que a levou até aqui. Ele, um homem desconhecido, que sua mãe sempre evitou mencionar. Ela sequer sabia o que esperar de Lendcity, uma cidade que parecia mais uma lenda do que um lugar real. O que ela sabia era que ali, em algum lugar, estava o homem que deveria ser seu pai. O carro parou em frente a uma casa grande, mas antiquada, com o portão de ferro forjado que parecia resistir ao tempo. O imóvel estava imerso em um ambiente de silêncio, uma estranha sensação de expectativa pairava no ar. Luna se sentiu como uma estranha, uma intrusa. O luto ainda a consumia, mas ela não tinha escolha. Não havia como voltar atrás. Ela suspirou e, sem dizer uma palavra ao motorista, saiu do carro e caminhou até a porta. O som de seus passos ecoava, mas parecia abafado, como se a própria cidade estivesse de luto. Ela ergueu a mão, hesitante, e bateu três vezes, como a carta pedira. Cada batida soava como um tambor, marcado por uma sensação de incerteza. A porta se abriu lentamente, revelando um homem alto, de olhar frio e penetrante, com cabelos escuros e uma presença que parecia controlar o espaço ao seu redor. Seus olhos eram escuros, mas havia algo misterioso neles, algo que Luna não conseguia identificar. — Você é Luna Bolívar? — Sua voz era profunda, mas ao mesmo tempo tinha uma estranha suavidade. Luna sentiu uma pontada no peito ao ouvir seu nome ser pronunciado por aquele homem. Ele era tão diferente de tudo o que ela imaginava. Mas, ao mesmo tempo, sentiu um leve desconforto, como se ele fosse mais do que apenas um estranho. — Sim. — Ela respondeu com a voz embargada. — O...Oi, me chamo Luna. Você deve ser Eliezer Bolívar? Ele assentiu levemente, antes de dar espaço para ela entrar. — Bem-vinda a minha casa. O interior era sombriamente imponente, com móveis antigos e uma decoração que parecia saído de um tempo longínquo. Tudo ali tinha uma aura de mistério, como se os próprios objetos estivessem cheios de segredos que apenas ele conhecia. — Eu... Eu não sabia o que esperar. — Luna murmurou, olhando ao redor. — Tudo isso é tão... diferente. — É, pode ser um pouco estranho no começo. — Respondeu Eliezer, suas palavras repleta de algo que ela não conseguia identificar. Ele se virou, como se quisesse dar a ela espaço para explorar, mas ela o observou atentamente, tentando ler sua expressão. Ele parecia calmo, mas seu olhar estava distante, como se estivesse em um lugar muito além daquelas paredes. — Eu sinto muito pela sua mãe. — ele disse de repente, e Luna sentiu um arrepio percorrer sua espinha. — Ela não queria que você soubesse sobre mim, não queria que você viesse aqui. — Eu... não sabia nada sobre você — Luna respondeu, a dor em sua voz agora misturada com confusão. — A carta foi o único contato que tive. Ela nunca mencionou você. Por que você nunca me procurou? Eliezer a observou por um momento, como se ponderasse a melhor forma de responder. Por fim, ele disse: — Há coisas que não se podem explicar facilmente, um dia você saberá de tudo. Luna sentia que algo mais estava acontecendo, algo que ela ainda não conseguia entender. Seu instinto dizia que havia muito mais nessa história do que ela imaginava, mas ela não sabia por onde começar a questionar. — Eu não sei o que isso significa para mim... viver aqui. — ela sussurrou, a voz embargada pelo medo do desconhecido. — Você vai se acostumar disse Eliezer, com um tom mais suave, como se estivesse tentando dar-lhe conforto. — Vamos dar um passo de cada vez, quero que se sinta a vontade, pois a partir de hoje, esta casa também é sua. Luna apenas assentiu, ainda sem coragem de dizer mais nada. Eliezer observou sua expressão por um instante antes de virar-se e dizer: — Venha, vou lhe mostrar onde você vai dormir. Ela o acompanhou pelos corredores longos da casa, onde os passos ecoavam no piso de madeira impecável. As paredes exibiam quadros antigos, de tons sombrios, com paisagens nebulosas e figuras que pareciam pertencer a outra era. Eliezer abriu uma porta no final do corredor. — Este será seu quarto. Ao entrar, Luna ficou surpresa. O quarto era antiquado, mas luxuoso, como algo saído de um romance antigo. A cama de dossel, com cortinas de tecido aveludado vinho, era o centro da atenção. Os móveis de madeira escura, polidos até brilharem, tinham detalhes esculpidos à mão, que lembravam folhas e galhos entrelaçados. Um espelho oval de moldura dourada estava preso à parede, refletindo a luz suave de um lustre de cristal que pendia do teto. Havia um tapete espesso, de tons quentes, cobrindo parte do chão, enquanto uma poltrona estofada de veludo azul repousava ao lado de uma mesinha com um abajur antigo, cuja luz amarelada iluminava delicadamente o ambiente. A uma das laterais, uma porta dupla de madeira dava acesso a um closet espaçoso, com prateleiras altas e cabideiros cheios de roupas que Luna não reconhecia como suas. Ao lado oposto, havia outra porta que levava à suíte. A suíte era um espetáculo à parte. O piso era de mármore branco, com detalhes em preto, e o banheiro tinha uma banheira clássica de pés dourados, além de um chuveiro moderno cercado por paredes de vidro fosco. Um espelho grande com moldura prata estava acima da pia, e pequenos vasos de flores secas decoravam o espaço, combinando com o aroma suave de lavanda que pairava no ar. — Espero que você se sinta confortável aqui. — Disse Eliezer, enquanto observava a expressão de Luna. Ela ainda estava admirada, mas sua desconfiança e receio eram visíveis. — É... diferente — murmurou, tentando escolher as palavras certas. Eliezer apenas assentiu, como se entendesse o que ela queria dizer, e deu um passo em direção à porta. — Vou deixá-la sozinha para que organize suas coisas. Se precisar de algo, pode me chamar. Luna não respondeu de imediato, apenas o observou sair e fechar a porta atrás de si. O silêncio tomou conta do quarto. Ela olhou ao redor mais uma vez, ainda tentando processar tudo aquilo. Era difícil acreditar que agora estava ali, longe de tudo o que conhecia, com um homem que deveria ser seu pai, mas que era, na verdade, um completo estranho. Sem vontade de arrumar as malas, Luna sentou-se à beira da cama. O toque do tecido macio e a firmeza do colchão eram reconfortantes. Com um suspiro pesado, ela abriu uma das malas e puxou de dentro um pequeno porta-retrato. A foto mostrava ela e sua mãe, sorrindo em um dia ensolarado no parque. Aquela era uma das poucas lembranças felizes que ela tinha. As lágrimas vieram sem aviso, descendo por seu rosto enquanto ela apertava o porta-retrato contra o peito. Ela deitou-se na cama, ainda segurando a foto, e fechou os olhos. O tecido do cobertor acariciava sua pele, e o perfume de lavanda no quarto parecia envolvê-la, como um abraço suave. — Eu queria que tudo isso fosse um pesadelo. — Sussurrou para si mesma, antes de o sono finalmente levá-la.Ravena hesitou, tentando encontrar as palavras certas. Mas o silêncio se alongou... Tempo demais.— Você vai falar ou vou ter que arrancar de você? — Eliezer exigiu, autoritário. Seus olhos, agora de um vermelho ardente, brilhavam com intensidade perigosa.O coração de Ravena disparou. O medo se espalhava por seu corpo como uma corrente elétrica. Sem outra opção, ela respirou fundo e revelou:— Luna... Ela está grávida! E o silêncio que veio depois foi ainda mais assustador.— Como assim?! — A voz de Eliezer ecoou pelo quarto. Seus olhos brilhavam em um vermelho intenso, e suas presas estavam expostas, afiadas como lâminas.Ravena engoliu em seco. Mesmo sendo uma bruxa, sentia o medo escorrer por sua pele como um veneno.Num movimento rápido, Eliezer agarrou seu pescoço, apertando com força, Ravena sentia as unhas afiadas de Eliezer penetrando sua pele. O ar começou a faltar, e um arrepio de pavor percorreu seu corpo.Ela precisava agir. Precisava encontrar uma forma de acalmá-lo ante
Luna caminhava em silêncio até sua casa, cada passo parecendo mais pesado que o anterior. O peso da culpa, do choque, da incerteza sobre o que viria depois. Myson estava preso para protegê-la, e isso a dilacerava por dentro. Como ele pôde se sacrificar por algo que ela fez? Como poderia consertar tudo agora?Ao atravessar a porta de casa, o silêncio era ensurdecedor. Seu pai seguiu direto para o escritório sem dizer uma palavra. Ela sabia que ele estava processando tudo, tentando encontrar uma maneira de contornar a situação. Mas algo lhe dizia que, dessa vez, não havia escapatória fácil.Genevieve e Âmbar estavam ao seu lado, a segurando como se temessem que ela desmoronasse a qualquer momento.— Vamos para o seu quarto, Luna — Genevieve sugeriu suavemente.Luna apenas assentiu, sem forças para discutir. Subiu as escadas, sentindo-se presa dentro de sua própria mente. O que ela havia feito? O que aconteceria com ela agora? Seu coração estava pesado, e a culpa queimava em seu peito co
Após todo o ocorrido, Luna agora se encontrava na delegacia. Sentada em um banco frio, sentia-se completamente fora de si, como se tudo aquilo fosse apenas um pesadelo do qual não conseguia acordar.Do outro lado da sala, seu pai conversava com o xerife, tentando reverter a situação da melhor forma possível. Luna sabia que ele faria de tudo para protegê-la, mas dessa vez, nem ele parecia ter controle sobre o que estava acontecendo.Enquanto isso, suas amigas estavam na sala ao lado, prestando depoimento. Cada segundo de espera parecia uma eternidade. Ravena permaneceu ao seu lado o tempo todo, tentando acalmá-la de alguma forma, mas Luna mal conseguia ouvir suas palavras.A cena na clareira se repetia em sua mente como um filme acelerado: o empurrão, o impacto, o sangue... Felicia caída no chão. O choque foi tão grande que seu corpo tremia involuntariamente.Ela nunca havia machucado ninguém. Nunca sequer matara uma barata. E agora? Agora era uma assassina.E o pior de tudo era a ince
Ravena e Luna estavam quase prontas para a festa na clareira.Luna terminava de pentear os cabelos diante do espelho quando Ravena quebrou o silêncio:— Você pretende contar ao seu pai sobre a gravidez?Luna hesitou, passando os dedos pelos fios soltos antes de responder:— Ainda não… Quero falar com Darius primeiro.Antes que Ravena pudesse insistir no assunto, o som de uma buzina ecoou do lado de fora. Era Âmbar, com Genevieve.Trocaram um olhar rápido e, sem mais delongas, saíram de casa.Assim que se juntaram às amigas, trocaram cumprimentos animados e seguiram rumo à clareira, onde a festa já começava a ganhar vida.A noite de lua nova deixava o céu escuro, mas as estrelas brilhavam intensamente, iluminando a vasta clareira cercada por árvores imponentes. O local estava repleto de pessoas conversando e rindo, enquanto a música alta ecoava pela floresta. Uma grande fogueira ardia no centro, suas chamas dançando ao vento e lançando sombras tremulantes nas árvores ao redor.Bebidas
Luna sentiu o chão sumir sob seus pés. Seu coração batia tão rápido que parecia querer escapar do peito.— N-não… Deve estar errado. — Sua voz saiu trêmula, quase um sussurro.— Amiga, não tem erro. — Âmbar disse, segurando o teste com firmeza. — Dois tracinhos significam positivo.Genevieve segurou o ombro de Luna, tentando acalmá-la.— Luna, respira… Vamos pensar com calma.Mas a mente de Luna já estava em um turbilhão. Seu corpo começou a tremer, e ela precisou se apoiar na pia para não desmoronar.— Eu não posso estar grávida. — Seus olhos começaram a marejar. — Com tudo o que está acontecendo… Eu não posso!Âmbar e Genevieve trocaram um olhar preocupado.— Precisamos sair daqui antes que alguém perceba. — Genevieve sussurrou. — Você precisa de um tempo pra processar isso.Luna assentiu, ainda sem acreditar. Sua vida já estava complicada o suficiente… E agora, isso.Luna suspirou, sentindo a cabeça pesar. Tudo dentro dela gritava que aquela gravidez não era algo comum. Era impossí
Na manhã seguinte, Luna despertou sentindo-se estranha. Levantou-se como de costume, mas assim que começou a escovar os dentes, um enjoo forte a atingiu, forçando-a a correr para o banheiro.Apoiando-se na pia, respirou fundo, tentando entender o que estava acontecendo. Não havia motivo aparente para aquele mal-estar, mas não podia se dar ao luxo de faltar à escola. Precisava entregar um trabalho importante com suas amigas.Descendo as escadas para tomar o café da manhã, sentiu-se fraca e tonta. No último degrau, precisou se segurar para não cair, quando Ravena surgiu ao seu lado, segurando-a pelo braço.— Srta. Luna, você está bem? — Ravena perguntou, a expressão preocupada enquanto a ajudava até o sofá.Luna se deixou afundar no estofado e passou a mão na testa.— Não sei... Estou me sentindo estranha hoje. Um enjoo forte, até vomitei há pouco. — respondeu, tentando entender o que se passava com seu corpo.Ravena cruzou os braços, observando Luna com preocupação.— Você não deveria
Último capítulo