Cinzas da Lua (POV Selene)
O amanhecer não chegou de repente — rastejou.
Como se o sol tivesse medo de olhar o que restou da noite.
O ar estava denso, pesado de fumaça e memória.
E a montanha, outrora viva, parecia suspirar sob o peso dos mortos.
A fenda dos Exilados era um campo de cinzas.
E, no meio dela, o povo da Lua se movia em silêncio.
Nenhum pranto alto, nenhum grito.
A dor deles era contida, quase reverente, como se chorar fosse profanar o sacrifício.
Fiquei parada, observando enquanto os corpos eram cobertos com mantos brancos e dispostos em fileiras, todos voltados para o nascente.
Os mais velhos entoavam um cântico rouco — notas antigas, palavras em um idioma que eu não conhecia, mas que o selo parecia entender.
Ele vibrava sob minha pele, respondendo àquelas vozes com um pulso lento, como coração de pedra.
Dorian estava diante da primeira fileira.
Postura ereta, semblante inquebrável, o Alfa diante do seu povo.
Mas os olhos dele… ah, os olhos denunciavam o homem.
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