(POV Caelan Quinn)
O vento da montanha cheirava a ferro, e a Lua, ainda vermelha, sangrava devagar sobre nós.
A fenda dormia, mas o selo dela não. Eu sentia o eco do poder percorrendo as rochas como uma respiração viva. Cada pulsar de energia era o lembrete de que a Lua escolhera uma portadora… e condenara todos nós junto com ela.
Selene apareceu no limite da clareira, os cabelos presos num nó improvisado, a pele salpicada de fuligem e luz. Não era mais a menina que tremia sob o peso do selo. Era uma lâmina. E eu era a sombra que ela projetava.
— Disse que viria ao amanhecer.
— O sol não nasceu. Então ainda é amanhecer.
O jeito como ela falava agora tinha algo de soberano. A Lua a estava transformando. E eu precisava saber até onde isso iria antes que ela se tornasse impossível de conter.
Peguei duas lâminas curtas e joguei uma para ela. Selene a pegou no ar com precisão, sem vacilar. O reflexo da Lua tingiu o metal de prateado e vermelho.
— Sabe o que a Lua faz com quem a serve? — pe