ISABELLA
A sala da doutora Clara me engolia devagar. Clara demais. Vidros, madeira pálida, cheiro de lavanda flutuando no ar. Tudo nela me lembrava do que eu não conseguia controlar. E do quanto eu me sentia deslocada ali.
— Obrigada por vir, Isabella — disse ela, com aquele tom sereno que, mais do que acalmar, me expunha. Como se cada palavra dela me despisse.
Me sentei com um suspiro, cruzando as pernas, apertando o tecido da calça com as mãos suadas.
— O que aconteceu? — perguntei, tentando parecer no controle.
Mas a doutora Clara não devolveu a pergunta. Respirou fundo, juntou as mãos sobre a mesa como quem costura um cuidado necessário antes de soltar uma verdade difícil.
— Sei que sua última visita teve valor emocional pra você. Mas precisamos falar sobre o impacto que causou no Enzo.
Senti um aperto subir pela garganta.
— Eu só… quis fazer uma coisa boa. Uma surpresa. Trouxe um brinquedo que ele adorava. Achei que ele ia ficar feliz.
— Eu acredito. Mas Isabella