São Paulo | Brasil
EDUARDO
Acordo antes do despertador, como sempre. O silêncio da casa me dá alguns segundos de paz... mas também de vazio. Um silêncio que grita. Olho pro lado e o travesseiro vazio continua lá, como um lembrete cruel de que ela não está. Ainda não me acostumei com a ausência dela. E, pra ser honesto, não quero me acostumar.
Levanto devagar, com aquele peso no peito que chega antes mesmo do sol nascer. Pego o celular, como quem procura um pouco de ar. Primeira coisa que vejo: uma mensagem da Sofia.
"Bom dia, meu amor. Já tô indo pra universidade. Dá um beijo no nosso pequeno por mim. Te amo."
Sorrio. Ela nunca esquece de escrever. Mas é um sorriso melancólico, aquele tipo que vem junto com uma vontade absurda de ouvir sua voz de verdade, de sentir o cheiro do cabelo dela, de ter suas mãos nas minhas. Uma mensagem é pouco. Uma tela é pouco. Ela me falta de um jeito que não tem nome.
Desço pra cozinha e começo o ritual que virou nosso — mesmo sem ela aqui. Café, leite