SOFIA
Acordei com os olhos inchados. Quase não dormi. A ansiedade corroía meu estômago, e a cabeça latejava com possibilidades. Me vesti rápido, prendi o cabelo em um coque bagunçado, peguei todos os documentos e fui direto pra secretaria da faculdade.
A moça que me atendeu foi gentil, mas as palavras dela doeram como um soco.
— Estamos fazendo o possível, mas como é um erro da parte brasileira, nossa atuação é limitada. A decisão final será da imigração.
— E se eu for deportada? — perguntei, com a voz embargada.
Ela hesitou.
— Vamos tentar evitar isso, Sofia. Mas… é importante você se preparar para essa possibilidade.
Saí da sala com os olhos marejados, tentando respirar. Sentei num banco de pedra do lado de fora, o vento gelado cortando meu rosto. Tinha gente passando pra lá e pra cá, mas tudo parecia embaçado.
Foi quando ouvi:
— Sofia?
Levantei os olhos devagar, sem reconhecer a voz de imediato.
E então, quase caí pra trás.
— Professor Murilo?
Ele era meu professor na universidade