EDUARDO
No dia seguinte, vou ao encontro de Rafael.
O bar fede a mofo, nicotina e derrota. Cada canto escuro parece esconder uma história suja, e Rafael encaixa perfeitamente naquele cenário decadente.
Ele está lá, como Carlos disse. Encostado numa mesa de madeira rachada, tragando um cigarro com o descaso de quem não tem mais nada a perder. Quando me vê, ergue o rosto, a sombra de um sorriso perverso surgindo nos lábios.
— O que o grande Eduardo Ferraz veio fazer nesse buraco? Perdeu o caminho da sua cobertura?
Ignoro o veneno nas palavras dele e puxo a cadeira à frente com um arrastar lento, proposital. Me sento. Não desvio o olhar por um segundo. O ar entre nós pesa como concreto.
— Acabou, Rafael. Você vai sumir da vida da Sofia. Agora.
Ele ri, um som gutural e cínico que ressoa no peito. Inclina-se, apoiando os cotovelos na mesa, encarando-me como se eu fosse apenas mais uma piada na vida dele.
— A princesinha mandou o príncipe vir me dar lição de moral? Que gracinha. Me diz, Edu