EDUARDO
Não consigo mais fingir que está tudo bem.
Ver a Sofia se encolhendo ao menor ruído, olhando por cima do ombro como se esperasse o pior, está me destruindo. E o Enzo… aquele olhar perdido que ele me deu ontem, perguntando se a "mamãe estava doente de novo", me rasgou por dentro.
Eu sou o homem dessa casa. O protetor. E falhei em manter os dois seguros até aqui.
Mas isso acabou.
Assim que desligo o telefone, fico ali parado no quarto, observando Sofia dormir. Ela se mexe levemente, um vinco de preocupação marcando sua testa mesmo em repouso. Até nos sonhos ela está em guerra.
Me aproximo, devagar. Sento na beira da cama e passo a mão devagar em seu cabelo. Como alguém tão doce conseguiu sobreviver a tanta dor?
Juro para mim mesmo, mais uma vez: ninguém mais vai machucá-la. Ninguém.
Quando ela acorda, ainda meio sonolenta, sorrio, tentando esconder o peso no meu peito.
— Hoje vamos sair — digo, fazendo minha voz soar mais leve do que me sinto.
— Sair? — Ela arqueia a sobrancelha