EDUARDO
Chego em casa com o coração acelerado. O cheiro familiar de comida no ar e o som do desenho animado me recebem na porta, mas não consigo relaxar. Algo me diz que o dia ainda não acabou.
— Papai! — Enzo corre até mim, com um sorriso largo, e eu o pego no colo com força, como se precisasse me ancorar naquela alegria simples. — A mamãe disse que você ia trazer sorvete!
— E trouxe mesmo — respondo, forçando um sorriso. — Tá no freezer. Depois do jantar, combinado?
Ele assente, satisfeito, e volta pro sofá. Aproveito o momento.
— E a mamãe? Onde ela tá?
— Lá em cima — responde distraído, os olhos presos na TV.
Subo as escadas rápido, dois degraus por vez. A tensão no meu peito cresce com cada passo. Quando entro no quarto, encontro Sofia sentada na beira da cama. Os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos entrelaçadas, o olhar perdido em algum ponto distante do chão.
— Sofi?
Ela levanta o olhar devagar. Os olhos estão vermelhos. Assim que me vê, as lágrimas escorrem silenciosas. Me