VICTOR
As paredes da cobertura abafavam o barulho do mundo, mas não o som do meu próprio desespero. O telefone escorregou da minha mão como se tivesse se tornado ácido. O nome do jornalista piscava na tela, como um presságio maldito:
Jonas Brito.
Meu coração bateu com tanta força que parecia querer romper o peito. O sangue subiu à cabeça, zumbindo nos meus ouvidos como uma maldição antiga.
Ele estava cavando. De novo. E agora… agora ele havia desenterrado o que eu passei anos escondendo com sangue, ameaças e contratos falsificados.
Gritei.
O som saiu rouco, primitivo, como um animal encurralado, e ecoou pelos corredores como uma bomba prestes a explodir. Do lado de fora, os seguranças trocaram olhares. Um deles até recuou. Eles sabiam: quando eu perdia o controle, alguém sangrava.
Disquei para o advogado. Ele atendeu no segundo toque, e nem tentou disfarçar a tensão na voz.
— Victor, tá acontecendo uma movimentação estranha. O Ministério Público tá com um pedido de averiguação. Seus c