SOFIA
A reportagem estava marcada para as 20h. O horário nobre. O momento em que o país inteiro pararia pra assistir.
Mas aqui dentro, na nossa sala, o tempo parecia colapsar. Eduardo andava em círculos, com as mãos na cintura e a respiração tensa. Enzo brincava com seus carrinhos no tapete, alheio à tempestade que se armava ao redor. E eu… eu sentia o coração bater no ritmo de um tambor de guerra.
A porcelana da xícara tremia entre meus dedos. Café frio. Mãos frias.
— Você tem certeza que ele não pode impedir a veiculação? — perguntei, tentando controlar o pânico que subia pela garganta como uma onda.
Eduardo assentiu, mas os olhos… os olhos dele gritavam o que a boca não ousava dizer.
— A reportagem está com duas emissoras além da principal. Se o Jonas sumir, se a Marina cair… o material vai ao ar do mesmo jeito. — Ele me encarou. — Não tem mais volta. O mundo vai saber.
O relógio na parede virou 20h em ponto. O “tic” foi um estrondo nos meus ouvidos.
A vinheta do jornal soou. A mús