"Eu quero o divórcio, Lauren. Você é infértil e incompleta." Com essas palavras, Ethan destrói três anos de casamento e tudo que Lauren acreditava ser verdadeiro. Traída, humilhada, grávida em segredo e enfrentando a falência da empresa do pai, que acabou em seu trágico suicídio, Lauren se vê sozinha em meio ao caos. Até que um acidente quase tira sua vida, e Henry Carter, um CEO misterioso, a salva. Ao aceitar ser babá do filho dele, Lauren descobre um homem com segredos sobre um passado que ela não lembra, mas que pode mudar tudo. Entre o luto e novos sentimentos, Lauren precisa decidir se está pronta para confiar novamente e arriscar seu coração mais uma vez.
Leer másPOV: LAUREN
Estava uma noite fria e chuvosa. Eu havia passado o dia inteiro planejando algo especial para Ethan e eu. Depois de tantos dias em que ele parecia distante e indiferente, achei que talvez um jantar feito com carinho pudesse nos reconectar. Preparei seu prato favorito e deixei a mesa impecável, com velas e flores. O cheiro do assado ainda preenchia a casa quando ouvi a porta da frente se abrir.
— Ethan? — Eu chamei animada, enquanto saía da cozinha.
Ele entrou sem sequer me olhar. Tirou o casaco molhado e o jogou no encosto do sofá, caminhando até a escada. Parecia exausto, mas também alheio, como se estar em casa fosse um fardo.
— Você chegou mais cedo hoje. Preparei o jantar. Pensei que poderíamos comer juntos. — Meu tom era esperançoso.
Ethan parou no meio da sala, finalmente me encarando com os olhos profundos e o queixo erguido, sua expressão estava carregada de desinteresse enquanto torcia o nariz.
— Já comi. Tive uma reunião longa e não estou no clima para nada. Vou subir. — Ele respondeu com frieza.
— Por favor, Ethan. Só hoje. Nós quase não passamos tempo juntos. Eu sinto que… — Eu comecei tentando segurar a mão dele.
— Lauren, eu disse que não. Por que você tem que insistir em tudo? — Ele puxou a mão, quase como se meu toque o incomodasse.
Eu me encolhi diante de suas palavras, sentindo o peso de sua indiferença. Enquanto ele subia as escadas, decidi não deixar minha esperança morrer tão rápido.
Subi até nosso quarto para tentar conversar com ele novamente, quando adentrei, algo chamou minha atenção. A porta do cofre na parede estava entreaberta e dentro, havia uma caixinha de veludo. Ao abrir, encontrei um colar delicado, com um pingente de diamante. Franzi o cenho confusa.
“Será que é um presente para mim?” Eu pensei, com um fio de esperança.
O aniversário do nosso casamento estava se aproximando e, por mais que ele estivesse distante, talvez ainda houvesse um resquício do homem que um dia conheci e tanto amei.
Sem pensar muito, peguei o colar e o coloquei no pescoço. Ele era lindo, caía perfeitamente sobre minha pele. O barulho da porta do banheiro me tirou dos meus pensamentos. Ethan saiu de lá com uma toalha no ombro secando os cabelos, já vestido, seu olhar deslizou por meu corpo fixando-se em meu pescoço, assim que viu o colar, sua expressão endureceu se transformando em algo que eu não esperava: raiva.
— O que você pensa que está fazendo? — Ele gritou, caminhando até mim a passos pesados.
— Eu… achei que fosse um presente. Estava aqui e pensei… — tentei explicar, mas ele não me deixou terminar.
— Você não tem direito de mexer nas minhas coisas! — Ethan agarrou o colar e o arrancou do meu pescoço com um puxão brusco. A dor física foi mínima comparada à humilhação que senti.
— Ethan, eu não quis… — comecei, mas ele já estava pegando as chaves do carro. — Onde você vai? — perguntei, elevando meu tom em desespero.
— Você é incapaz de compreender as coisas, não é mesmo? Deixe-me em paz, Lauren. — Gritou ele, com desprezo e fúria.
Ele passou por mim como se eu fosse invisível, corri atrás dele, desesperada para impedir que saísse daquela maneira.
— Ethan, por favor! Eu só queria… — Minhas palavras morreram na garganta, esmagadas pelo desprezo em seu olhar frio e indiferente.
— Você é insuportável, Lauren. Sempre se metendo onde não é chamada. — Ele me interrompeu bruscamente, exaspero.
Em desespero, segurei o seu braço antes que ele pudesse sair.
— Ethan, por favor! O que está acontecendo conosco? Por que você está agindo assim? — Minha voz tremia com a dor que eu sentia.
Ele se desvencilhou com repulsa, o olhar profundo que parecia cintilar ódio puro.
— Porque você nunca será capaz de me dar o que eu mais desejo! — Ele cuspiu as palavras, cravando-as como punhais em meu peito.
— O quê? — Eu perguntei, em um sussurro quase inaudível. — O que você quer dizer com isso? Eu te amo, Ethan. Não significa nada para você?
Ele riu amargamente, virando-se com irritação nítida em seu olhar e me empurrou com força para trás, perdi o equilíbrio e cai de bunda na varanda, o impacto reverberou por todo o meu corpo. A chuva gelada escorria por meu rosto, as gotas misturando-se às lágrimas que não conseguia conter. Olhei para cima, incrédula, buscando alguma explicação, qualquer coisa que explicasse sua explosão, mas tudo que recebi foi seu olhar frio de desgosto.
— Amor? Você não entende, Lauren. Isso nunca foi suficiente. — Ele respondeu com crueldade, sem qualquer hesitação, antes de virar de costas. Acrescentando friamente, sobre os ombros. — Você jamais será suficiente para qualquer homem, com o seu útero infértil. É incapaz de fazer alguém feliz sendo incompleta deste jeito.
Meu corpo estremeceu por completo, pela dor de cada silaba dita por ele, mas antes que ele pudesse ir embora, ergui e corri em sua direção. A chuva caía pesada, ensopando meu corpo enquanto eu o abraçava pela cintura, como se aquele gesto desesperado pudesse impedir que tudo desmoronasse. Meu choro era descontrolado, e as palavras saíram entre soluços, um apelo que parecia tão frágil quanto eu naquele momento.
— Ethan... e tudo que minha família fez por você? Pelo seu sucesso? — Apertei mais o abraço, como se isso pudesse fazê-lo lembrar do passado que compartilhamos. — Nós te ajudamos a erguer sua empresa, a alcançar tudo que você tem. Como pode simplesmente jogar isso fora? Ignorar tudo o que fomos?
Senti quando ele desfez o abraço com firmeza, afastando-me sem esforço. Ele se virou para mim, e o olhar que encontrei nos seus olhos não era de arrependimento, mas de algo frio, distante. Foi então que sua mão subiu, e antes que eu pudesse reagir, desceu com força. O som do tapa ecoou pela noite, abafado apenas pelo barulho da chuva. Minha cabeça virou com o impacto, e a dor ardente tomou conta do meu rosto. Instintivamente, levei a mão à bochecha, incrédula, meus olhos arregalados encontrando os dele.
— Ethan... — Eu sussurrei, trêmula, incapaz de compreender o homem à minha frente.
Ele avançou um passo, e eu recuei por reflexo, sentindo meu corpo estremecer de medo. Sua voz irrompeu novamente, carregada de raiva.
— Nunca mais diga isso a mim ou a qualquer outra pessoa! — Ele gritou, cada palavra escolhida para me ferir. Suas narinas estavam dilatadas, o rosto marcado pelo desprezo. — Sua família deveria me agradecer por ter tirado de suas costas o fardo de alguém como você.
Ele me lançou um último olhar, cheio de desdém, antes de virar as costas e desaparecer na escuridão. Fiquei ali, paralisada, o som da chuva misturando-se aos meus soluços.
Entrei em casa, tremendo e soluçando, minhas roupas ensopadas grudando no corpo. O frio era menor que o vazio que me consumia. Afundei no sofá, tentando recuperar o fôlego, enquanto a dor no peito parecia me sufocar.
De repente, um enjoo intenso tomou conta de mim. Corri até o banheiro e vomitei, sentindo a cabeça girar. Segurei-me na pia, ofegante, tentando me recompor. Limpei a boca com o dorso da mão, culpando as emoções fortes pelo mal-estar. Quando voltei para o sofá, encolhi-me, abraçando meu próprio corpo. O cansaço me venceu, e adormeci ali, esperando por ele.
Acordei com a luz da manhã atravessando as cortinas. O som de uma notificação no celular me tirou do torpor. Peguei o aparelho com pressa, esperando uma mensagem de Ethan, uma explicação, talvez um pedido de desculpas. Mas não era.
Minha melhor amiga, Kate, me enviou uma mensagem com fotos. Antes das imagens, suas palavras ecoaram como um aviso: “Amiga, você precisa saber a verdade. Ele não te merece, Lauren.”
Meu coração disparou ao abrir as mensagens. Lá estava Ethan, com outra mulher. As fotos mostravam os dois em um bar, próximos demais, íntimos demais. A traição estava escancarada. O ar me faltou, e as lágrimas desceram antes que eu pudesse detê-las.
Segurei o celular com força, apertando até os nós dos dedos ficarem brancos, as mãos trêmulas, enquanto a verdade me atingia como um golpe cruel.
Ethan não estava apenas distante; ele estava destruindo tudo o que tínhamos. O ressentimento me consumiu, e minha voz saiu em um grito sufocado:
— Quem é essa mulher, Ethan? Como pôde me trair assim?
Mas ele não estava lá para ouvir. Ele estava com a sua amante!
POV: LAURENAlguns minutos depois, no quarto, Kate me ajudava a trocar de roupa. Suas mãos eram rápidas, mas cuidadosas, sempre segurando meu braço quando percebia meus tremores involuntários. Eu ainda sentia o corpo fraco, trêmulo, como se a qualquer momento fosse desabar. Meu peito ainda doía, o estômago embrulhado, e o medo latejava em cada pensamento.O bebê, estava aninhado no berço ao lado da cama, dormia tranquilo, alheio a todo aquele caos, respirando de forma calma, com o rostinho relaxado. Seu cheirinho doce, aquele cheiro único de recém-nascido, me invadia, me acalmava, e de certa forma, me dava forças para seguir.Uma batida suave na porta interrompeu o silêncio tenso do ambiente.— Pode entrar. — Eu respondi, ajeitando o tecido da blusa. Minha voz ainda soava mais baixa que o normal, cansada, mas firme.<
POV: LAURENMeus olhos se encheram de lágrimas. Um nó apertou minha garganta e senti meu peito se expandir com um calor diferente.— Henry… — Eu sussurrei, completamente tocada.Ele me olhou com firmeza e ternura, depois voltou a encarar Kate, como se quisesse deixar claro que não havia espaço para dúvidas.— Mas isso não tornará Theodor, Alice… ou esse pequeno aqui, menos meus filhos. — Carter afirmou com orgulho, estufando levemente o peito, os olhos cheios de verdade. — Sangue não define vínculo. Presença, cuidado, proteção… isso sim faz de mim pai.Ninguém ousou dizer nada por alguns segundosEra impossível não o amar. Impossível não o admirar.Mesmo com todo o seu jeito duro, o olhar firme, o c
POV: LAURENHenry ficou em silêncio por alguns segundos. Eu sentia sua respiração próxima, mas ele não se mexia. Eu não suportava o olhar dele, então baixei os olhos para o bebê e continuei balançando suavemente, tentando conter a enxurrada de emoções que me sufocava.— Eu não devia ter me colocado em risco… — Eu sussurrei, engolindo em seco, a garganta queimada de tanto segurar o choro. — Eu não devia ter deixado tudo sair do controle. Ele é só um bebê, Henry…Henry respirou fundo, como se tentasse controlar algo dentro dele. Suas mãos firmes envolveram meus ombros com cuidado, e seus olhos se prenderam aos meus com uma intensidade que me deixou sem ar por um instante. Ele me estudava. Me analisava como só ele sabia fazer — com aquele olhar firme, frio e ao mesmo tempo absurd
POV: LAURENA assistente social arqueou uma sobrancelha e me olhou de cima a baixo, com um julgamento cruel no olhar.— Tem mesmo? — Ela retrucou, em um tom sarcástico e seco. — Não é o que eu vejo.— Como você ousa? — Kate avançou um passo à minha frente, o dedo em riste, o corpo tremendo de indignação. — Você não faz ideia do que essa mulher passou! Do que ela perdeu! Como se atreve a julgá-la desse jeito?A mulher nem se incomodou em recuar. Manteve a postura ereta e o olhar superior, como se estivesse lidando com um problema administrativo qualquer.— Isso não me interessa. — Ela respondeu, com frieza absoluta. — Não estou aqui para ouvir histórias emocionais. Estou aqui por este bebê. E minha função é garantir que
POV: LAURENKate assentiu com o maxilar travado, a expressão determinada. Mas não deixou de lançar a pergunta que me rondava desde o início:— E quanto ao Ethan? — Kate arqueou uma sobrancelha, os braços cruzados sobre o peito. — Você realmente acha que ele vai acreditar que a própria esposa sequestrou a filha da ex-mulher para fingir que era dela? Ainda mais se ele estiver envolvido nisso. Não temos garantia de que ele está limpo.Baixei os olhos, sentindo novamente aquela dor no peito. Era como um aperto constante, um soco que nunca cessava.— Eu sei. — Eu murmurei, com a voz mais fraca, exausta de tanto chorar, de tanto remoer. Levei as costas da mão até os olhos, enxugando as lágrimas que restavam. — Mas, neste momento, isso não importa. Não vou esperar o julgamento moral de Etha
POV: LAURENVazio.Era a única palavra que definia o que eu sentia desde que levaram minha filha. Um buraco dentro de mim, frio, escuro, sufocante. Nada preenchia. Nada acalmava.Não conseguia reagir. Não queria ver ninguém. Nem Theodor, nem Henry.Principalmente Henry.Porque olhar para ele era como encarar o reflexo da minha falha. E doía.Doía tanto que meu corpo tremia só de pensar.Como eu pude deixá-la ser levada?Como permiti que arrancassem minha bebê dos meus braços?Falhei.Como mulher.Como mãe.Mesmo assim, Henry vinha todos os dias. Mesmo com os meus protestos, meus gritos, minha raiva e as palavras que joguei contra ele para afastá-lo... ele não recuava.Ele se deitava ao meu lado. Em silêncio.Simplesmente...
Último capítulo