A matéria havia se espalhado feito pólvora. Blogs de música, sites de entretenimento, podcasts de investigação — todos comentavam. O nome “Lucky Valley” estava estampado nas redes, mas não por novas músicas ou recordes de streaming. Agora, as manchetes carregavam suspeitas. Dúvidas. Silêncios que rugiam mais alto do que qualquer verso que ele já cantou.
Helena desligou o celular e o jogou na escrivaninha, o peito pesado, o estômago virado. A adrenalina da publicação havia passado. Agora vinha a ressaca emocional. Aquela matéria não era apenas um dossiê investigativo. Era uma despedida disfarçada de denúncia. Uma confissão silenciosa do quanto ela tentou entender, amar, salvar.
E falhou.
Sentada na penumbra do pequeno apartamento, o vinho intocado ao lado, ela ouvia, pela primeira vez, a música que sempre evitou: "Entre as Ruas que Não Levo", o single mais famoso de Lucky. Pela primeira vez, com atenção. E o que ouviu não foi uma canção qualquer.
Foi um pedido de socorro.
As entrelinha