O prédio era antigo, encravado entre duas construções abandonadas no bairro industrial. A fachada de concreto rachado e as janelas cobertas por jornal davam ao lugar a aparência de um abrigo esquecido pelo tempo — o cenário perfeito para uma revelação ou uma emboscada.
Helena desceu do carro com os ombros tensos, o gravador escondido no bolso interno do casaco. Ao seu lado, Vinícius — firme, concentrado. O jornalista mais experiente tinha a expressão de quem já estivera em encrencas maiores, mas mesmo assim apertava os dentes como quem antecipa uma tragédia.
— Tem certeza disso? — ele perguntou.
Helena assentiu. — Se eu fugir agora, nunca mais vou olhar no espelho sem me odiar.
Entraram. O cheiro de ferrugem e mofo tomou as narinas. Cada passo ecoava como uma denúncia. O corredor estreito parecia se fechar atrás deles, e o silêncio era tão espesso que chegava a doer.
Na sala ao fundo, um homem os esperava.
Capuz. Máscara. Óculos escuros. Sentado de costas para a janela, com um n