Capítulo 80 — Linha de Fogo
Os dias após o ataque pareciam arrastar-se com uma lentidão cruel. No hospital, o quarto de Roberto cheirava a medicamentos e a café frio. Helena permanecia ao lado da cama a maior parte do tempo, apertando a mão dele quando o sono o levava e sorrindo com a pequena vitória de cada respiração regular. Roberto dormia com curativos e hardware fixando o corte profundo, mas quando acordava, a primeira pergunta era sempre sobre o andamento da caçada — a guerra o mantinha vivo, a missão dava sentido ao corpo dolorido.
— Quer saber a verdade? — Roberto murmurou numa tarde, a voz ainda rouca. — Odeio ficar parado. Odeio permanecer indefeso diante deles. Mas vocês não me deixam sair assim… e talvez seja bom. Estou velho demais para morrer por impulso.
Helena sorriu, enxugando uma lágrima.
— Você não vai morrer, Roberto. Ainda precisamos de você. Muito.
Lá fora, Miguel reiniciava uma operação com novos contornos. O delegado Farias, pressionado pela sequência de ataque