Capítulo 120 – O Jogo da Verdade
A sala estava mergulhada em uma penumbra quase sufocante. O som das gotas de chuva escorrendo pela janela era o único ruído que quebrava o silêncio. O relógio na parede marcava três e vinte da manhã, mas o tempo ali dentro parecia ter parado — congelado no instante em que Helena entrou.
Daniel estava sentado na penumbra, imóvel, com as mãos cruzadas sobre o colo. O rosto, iluminado por uma lâmpada fraca, mostrava um sorriso calmo, quase paternal.
Ele sempre soubera como parecer inofensivo.
Helena parou a poucos metros dele. Seu corpo tremia, mas não de medo — de raiva. De lembrança. De uma dor que agora tinha nome.
— Finalmente — disse Daniel, com uma voz suave demais para aquele momento. — Eu sabia que você viria. Sempre soube que não resistiria à verdade.
Helena respirou fundo.
— Eu vim porque quero ouvir da sua boca. Quero que diga tudo. O que você fez comigo.
Daniel se levantou devagar. O som das botas dele ecoou pelo chão de concreto.
— Eu não fiz