Capítulo 119 – O Reflexo de Helena
O vento da madrugada batia forte contra as janelas do quarto, fazendo-as vibrar como se o próprio mundo estivesse tentando atravessar o vidro. Helena estava ali, sentada no chão frio, de frente para o espelho rachado que havia pendurado há meses, quando ainda acreditava que o reflexo mostrava apenas o que estava fora — não o que morava dentro dela.
Agora, cada rachadura refletia uma versão diferente de si mesma. Fragmentos. Ecos de memórias que ela não lembrava de ter vivido, mas que vinham à tona como ondas de um mar que ela não podia controlar.
Ela fechou os olhos e sentiu as lágrimas queimarem, escorrendo sem permissão.
— Quem eu sou? — sussurrou, com a voz trêmula, quase sem som.
As palavras ecoaram na escuridão, e por um instante, ela teve a sensação de ouvir outra voz responder — uma voz antiga, fria, distante.
"Você sempre soube, Helena. Sempre soube o que era capaz de fazer."
Ela se levantou num sobressalto, ofegante. O coração batendo tão fo