Capítulo 116 — Ecos do Amanhã
A manhã nasceu silenciosa, como se o mundo temesse quebrar a calma que pairava sobre o ar. Depois de tantas batalhas, perdas e revelações, Helena sentia o peso do tempo em seus ombros — um cansaço que não era físico, mas da alma. O vento trazia o cheiro da chuva distante, e ela sabia que aquele dia seria diferente.
Miguel a observava da varanda, os olhos marejados pela lembrança do que viveram e do que ainda temiam enfrentar. Ele se aproximou devagar, tocando-lhe o ombro.
— Você não dormiu de novo, não é?
Ela balançou a cabeça.
— Não dá pra dormir quando o passado ainda grita dentro da gente, Miguel.
Ele a abraçou por trás, o corpo dela encaixando-se no dele como sempre fora. Mesmo em meio ao caos, o toque dele ainda era o refúgio mais seguro que ela conhecia.
— O passado não manda mais em nós — disse ele, firme, como quem tenta convencer a si mesmo também. — Ricardo pode estar solto, mas agora estamos preparados.
Helena respirou fundo, olhando o horizont