Lívia cresceu em uma sociedade Lycan patriarcal, onde as fêmeas eram frequentemente subjugadas por seus companheiros ou pais. Determinada a mudar essa realidade, ela se especializou em defender mulheres acuadas, tornando-se uma advogada respeitada no Conselho Sobrenatural. Seu maior desejo era ser reconhecida por seu trabalho, não por ser a companheira ou a luna de alguém. Em seus planos, não havia espaço para um companheiro que não aceitasse sua independência. Estava decidida a rejeitar qualquer vínculo que ameaçasse sua liberdade. No entanto, o destino tinha outros planos. Os Lycans e os lobisomens haviam firmado um tratado de paz frágil, e rejeitar um companheiro poderia ser interpretado como uma traição à matilha — um crime punível com a morte. Os reis de ambas as espécies não toleravam negativas, especialmente quando se tratava de laços destinados pela deusa Selene. Antero, um Gama real com quase trezentos anos, era conhecido por sua lealdade e força. Seu lobo, à beira da loucura devido à solidão, ansiava por uma fêmea que lhe pertencesse de corpo e alma, que lhe proporcionasse um lar e conforto após séculos de batalhas. Amiel, o Beta do rei dos lobisomens, era o oposto de Antero: extrovertido, mulherengo e carismático. Apesar das diferenças, os dois compartilhavam uma amizade profunda desde a infância, forjada em batalhas e desafios enfrentados lado a lado. Quando ambos descobrem que estão destinados à mesma fêmea, Lívia, decidem desafiar as convenções de suas espécies e propor algo inédito: compartilhar o vínculo com ela. Para eles, a amizade e o amor por Lívia são mais fortes do que qualquer tradição. Agora, Lívia se vê diante de uma escolha impossível: seguir seu coração e preservar sua liberdade ou aceitar o vínculo triplo e arriscar tudo pelo bem de sua matilha.
Ler maisA respiração dela estava pesada devido ao ar gélido das ruas do Colorado, seus pulmões ardiam a cada inspiração profunda, enquanto buscava desesperadamente ar em sua incansável fuga. Ao longe, ela captou o som ameaçador de um assovio, acompanhado de risadas cruéis e uma promessa carregada de ódio.
- Você não pode escapar de nós. Vamos caçá-la até o inferno, e você pagará por sua traição!", declarou um dos perseguidores.
- Malditos! - Agatha sussurrou para si mesma, exausta. - Por que não me deixam em paz?
Dobrando a esquina e adentrando um beco escuro, ela acreditou ter encontrado um refúgio temporário. No entanto, antes que pudesse recuperar o fôlego, passos pesados se aproximaram. Um vulto na escuridão emergiu na forma de um lobo, com presas à mostra, anunciando claramente o perigo iminente.
- Por favor, deixem-me em paz... Prometo que não revelarei nada a ninguém! - Suplicou Agatha à fera diante dela.
- Ah, minha querida, não podemos deixá-la escapar. Você carrega nossa vitória contra ele, e precisamos do filhote! - rugiu o ser sobrenatural, lançando a ela um olhar frio que a fez tremer.
- Isso não fazia parte do acordo - Agatha apertou suas mãos com firmeza. - Não envolvia um inocente. Vocês me usaram! - protestou ela com firmeza.
- Usamos? Haha, não foi exatamente isso que você fez com ele? O que acha que acontecerá quando ele descobrir que você era uma infiltrada que o seduziu e gerou seu herdeiro como moeda de troca para outra alcateia, apenas para adquirir dinheiro e poder? - O tom do ser se tornou ainda mais ameaçador, incitando-o a avançar em sua direção.
- Vocês não farão nada se não conseguirem nos encontrar! - Agatha alisou sua barriga, posicionando-se defensivamente, pronta para qualquer ataque. Nesse momento, um lobo de pelagem marrom quente investiu com voracidade, tentando abocanhar e rasgar com suas garras afiadas. Agatha sibilou enquanto esquivava habilmente, tirando rapidamente um pó areoso do bolso e soprando-o no focinho de seu predador. O lobo, agora desorientado, espirrou.
- M*****A, O QUE É ISSO? - o inimigo exclamou enquanto sua visão turvava, fazendo-o cambalear de um lado para o outro.
- Um presentinho das bruxas. Volte para as sombras de onde veio e avise ao líder da Alcateia da Lua de Sangue que vocês NUNCA colocarão as garras no meu filho! - Com isso, Agatha virou as costas para fugir, mas não antes de ouvir suas ameaças finais.
- Vamos encontrá-los. Mataremos todos que você ama. Seu destino está selado, humana...
Olhando por cima do ombro, Agatha pôde ver a seriedade em suas palavras, antes do Beta desmaiar nas ruas frias e congelantes.
Pov: Sophie
Há alguns meses, minha irmã gêmea idêntica, que havia desaparecido, retornou sem maiores explicações. Ela nos fazia usar um colar que exalava um aroma de musgo. Sua justificativa era simples: uma proteção concedida pelas bruxas reclusas do Colorado, adquirida durante uma de suas viagens mundo afora.
Percebi um aumento em seu peso e, consequentemente, em sua inquietude. Ela parecia viver em constante estado de alerta, como se estivesse sendo perseguida por algo invisível.
- Há algo de errado? - questionei, observando-a espalhar um pó roxo cintilante pela casa.
- Preciso te contar algo! - exclamou, seus olhos arregalados encontrando os meus. Seu semblante demonstrava cansaço, algo que eu vinha notando desde seu retorno. Sua boca estava constantemente ressecada, sua pele pálida e fria. Nada daquilo condizia com a jovem mulher de 23 anos que ela era.
- Você não parece bem. Deve deitar-se - eu me aproximei, mas parei subitamente quando senti algo úmido em meus pés. Uma poça de água envolvia suas pernas, com traços de sangue escorrendo por sua pele.
- Não há tempo, eu... Aiiiiiii - Ela gritou, fazendo-me correr para o seu lado em estado de choque.
- O que está acontecendo? - perguntei em desespero.
- Eu, eu, aiiiiii. Estou em trabalho de parto! - sua declaração ecoou em minha mente.
Grávida? Como poderia ser? Como eu não percebi?
- Grávida? Você deve estar delirando. Eu teria percebido.
- Perdoe-me, minha irmã. Você não teria percebido. Estou usando saliva de rã em suas bebidas, para alterar sua visão, distorcendo a minha aparência...
- Você fez o QUÊ? POR QUE FARIA ISTO? - cerrei os punhos, sentindo a raiva crescer.
- Aiii, como dói... Por favor, por favor, Sophie, me ajude...- ela desmaiou em seguida.
- Diabos, AGATHA, por que você sempre atrai confusões? - praguejei antes de levá-la às pressas para o hospital.
Os apitos do aparelho ecoavam, evocando memórias assustadoras do passado, quando recebemos a ligação do hospital informando que algo havia atacado nosso pai. "Os apitos me fazem lembrar daquele terrível dia. Uma ligação do hospital... Nosso pai..." Os policiais locais afirmaram que a criatura responsável era sobrenatural, mas nunca houve prova disso; o caso foi encerrado como um "ataque de urso". Após a morte dele, nossa mãe mergulhou na depressão, acabando por nos deixar.
Agatha sempre foi impulsiva, suas atitudes irresponsáveis me forçaram a amadurecer precocemente, aos 18 anos, e a cuidar dela desde então. Renunciei a muitas coisas por ela, mas sempre garanti que não lhe faltasse nada. Mesmo quando ela desapareceu, me mantive fiel à nossa conta secreta, continuando a depositar dinheiro. Era para emergências, uma lição que aprendemos com nosso pai, que estranhamente vivia em constante estado de alerta, assim como Agatha vinha fazendo nos últimos meses.
- Onde estou - Agatha acorda de seu desmaio, gemendo de dor. - Isso não pode ser um sonho... A dor é insuportável, algo está me rasgando por dentro!
- Aguente firme, vou chamar um médico! - Eu me apresso, mas ela agarra minha mão desesperadamente.
- NÃO!
- O que você está dizendo, Agatha? Você está em trabalho de parto. Precisamos de um médico urgentemente. - Com as sobrancelhas franzidas, aponto para seu estado.
Ela se contorce, gritando de dor. - Por favor, Sophie, me ouça... Por favor, entenda... Aaaah, está doendo tanto!
- Podemos conversar depois. Apenas aguente! - No entanto, ela não solta minha mão.
- ME ESCUTE. Não sei como enfrentar isso sozinha... - Seu olhar está aflito. - Mas você é tudo o que tenho agora. - Concordo com um gesto enquanto acaricio sua mão, tentando acalmá-la.
- O pai desta criança... Ele não é comum, é extraordinário, algo que eu nunca tinha visto. Eu fui tola... Aaaaaah! - Outra onda de dor a interrompe.
- Por favor, deixe-me chamar o médico. Depois lidamos com o idiota que a engravidou. Eu me encarregarei pessoalmente dele! - Sorrio com compreensão.
- NÃO, PRESTA ATENÇÃO. Eu mudei... Tornei-me quase sobre-humana para protegê-lo. Preciso que você o proteja, esconda-o, pois haverá aqueles que o buscarão. O mal o perseguirá.
- Você está falando incoerências, Agatha. Está delirando! - Contesto, mas estranhamente suas palavras parecem lúcidas dadas as circunstâncias.
- SOPHIE, fiz outra grande besteira, por isso desapareci... Eu... eu queria retribuir tudo o que você fez por mim. Era dinheiro fácil... Só precisava seduzi-lo e se deitar com ele. Não parecia um grande sacrifício...- Ela faz uma careta enquanto espreme minha mão, mostrando que outra contração a atinge. - Tentei descobrir a verdade sobre a morte do nosso pai... – Ela para respirando fundo – Não tenho muito tempo...
- A morte do nosso pai? O que isto tem a ver com tudo isso? – Coloco as dúvidas de lado, fungo profundo e a fito seriamente – Pare de falar bobagens, Agatha. Você está em trabalho de parto, não está morrendo! Aperto suas mãos com força, temendo o olhar desolado que ela direcionou a mim.
- Independentemente do que aconteça aqui, você vai cuidar deste bebê, colocar meu colar nele e fugir. Você entendeu? Nunca pare de fugir, por nada, não confie em ninguém...
- Você está me assustando, minha irmã...
- Prometa que fará o que estou pedindo. - Sua respiração fica mais pesada e irregular. - Por favor, Sophie... Sempre prometemos nos proteger. Este bebê é uma parte minha... Por favor, proteja-o como se fosse seu!
Suas palavras me deixam atordoada enquanto ela desmaia. Um apito irrompe do aparelho, e um alarme ecoa por todo o hospital:
"CÓDIGO AZUL, ALA NORTE, SALA 13."
Enfermeiros e médicos entram na sala, me puxando para o lado, enquanto eu permaneço estagnada, observando em desespero.
- Ela está em parada! – Grita uma médica, lançando um olhar para os outros.
- Cesária de emergência! – Eles correm com o carrinho médico, e eu os sigo em um estado de angústia.
- ESPEREM, NÃO A LEVEM... POR FAVOR, NÃO LEVEM ELA DE MIM!
Entretanto, sou impedida de prosseguir quando uma das enfermeiras me contém no lugar.
Não demora muito para que um médico se aproxime de mim, palavras são desnecessárias diante da notícia que meu coração já pressente. Sinto como se parte da minha alma se desprendesse junto com a dela... Consigo quase sentir seu último suspiro, ver sua última lágrima caindo e ouvir seu sussurro suplicante: “PROTEJA-O!"
Respiro profundamente, meus olhos fixos no médico à minha frente.
- Posso ver a criança? Quando poderei pegá-lo?
- A senhora acabou de receber uma notícia avassaladora. Existem opções para a criança, caso deseje explorá-las.
- Quero levá-lo agora! – Levanto-me abruptamente da poltrona que antes era o refúgio para minhas lágrimas e preces. – Quando poderei tê-lo comigo?
Antero Depois da reunião com Tavion, seguimos a pé rumo à casa da Lívia. A mãe dela havia me convencido a ficar para o jantar, alegando estar com saudades da filha — na verdade, acho que ela só queria ver se eu ainda estava aguentando a convivência com aquela loba teimosa. O jantar foi ótimo, animado, cheio de risadas. Leon anunciou a gravidez de Raila com um sorriso que mais parecia de lobo orgulhoso exibindo seus filhotes — e ela, pela primeira vez, estava visivelmente radiante, mesmo com os hormônios claramente já bagunçando suas emoções. A conversa se estendeu entre garfadas e lembranças antigas, e meus sogros pareciam encantados com a forma como a família estava crescendo e prosperando. Foi… comovente.Ser um Real significa que momentos assim — de paz, de calor humano, de felicidade simples — são quase lendas. Sempre há um rogue à espreita, uma traição para lidar ou uma guerra prestes a explodir. Estar ali, apenas como Antero, sem o peso de títulos, foi um raro privilégio.— Leon
AnteroCerto... já entendi. Vou ter que abrir mão do meu ciúme pelo bem da minha companheira. Eu tenho quase 300 anos, e ela... 24. Isso é praticamente um filhote! Respirei fundo e decidi: vou atrás dela no abrigo. Precisamos conversar. Colocar os pingos nos is. Só que antes de chegar lá, fui interceptado por ninguém menos que minha sogra — dona Lêda. Inteligente, sagaz... e claramente desconfiada. Ela me convidou pra um café. Claro. O famoso “café da verdade”. Já devia ter percebido que a filha está mais no abrigo do que em casa. E como toda boa mãe, fez suas conclusões. Ela me serviu um café forte, daqueles que fazem o lobo acordar até no osso, colocou uns petiscos na mesa e foi direto ao ponto: — Está tudo bem com vocês, Antero? — Está sim, dona Lêda. Pode ficar tranquila. Somos recém-casados, mas tenho minhas obrigações... E a Lívia já está acostumada com as demandas do abrigo. Não quero forçá-la a deixar um projeto que ela crioucom tanto amor. Ela já se afastou do Conselho
Lívia Quando senti o cheiro de comida vindo da cozinha, minha primeira reação foi pensar: O Antero aprendeu a cozinhar? Um segundo depois, percebi que isso era tão improvável quanto ele virar monge. Segui o aroma, já desconfiada. E lá estava ele. Amiel. Sem camisa, com um avental amarrado displicentemente na cintura — aquele tipo de displicência milimetricamente calculada para exibir os músculos, o bronzeado e a covinha no queixo. — O que você está fazendo? — perguntei, semicerrando os olhos. Ele virou-se com um sorriso que devia ser ilegal em pelo menos sete reinos. — Cozinhando para você, é claro. A deusa nos uniu, mas eu acredito que o estômago pode selar qualquer vínculo. — piscou. Revirei os olhos. Isso é molho de tomate na sua bochecha? — Arte. — ele limpou com o dorso da mão, lambendo depois o dedo como se estivesse em um comercial de comida afrodisíaca. — Prove. Pode mudar a sua vida. Eu gosto da minha vida do jeito que está. — cruzei os braços, mas o sorriso e
Amiel Enfiar-me na casa do Antero foi o único jeito razoável — ou insanamente impulsivo — que encontrei para ficar perto da minha fêmea. Uma jogada ousada, sim, mas cheia de intenções puramente estratégicas... e, quem sabe, um pouquinho emocionais. Só que, assim que entrei naquele território marcado por ele, percebi que o preço da minha esperteza era mais alto do que eu imaginava.Ela olhava pra ele com amor. Amor, com A maiúsculo. Daquele que brilha nos olhos, que embaça o ar ao redor, que pesa no peito de quem observa. Pra mim? Um olhar frio, medido, quase clínico. Como se eu fosse um remédio que ela tivesse que tomar um dia, mas que ainda tentava evitar. Eu, um lobo de quase quatro séculos, reduzido a um comprimido amargo. Que derrota. A vitória de estar perto dela simplesmente não compensava aquele desdém que queimava mais do que qualquer cicatriz de batalha. Mas recuar? Nunca. Já conquistei muito na vida sendo insistente. Persistência é charme, não é o que dizem?Tenho um quarto
Acordei me espreguiçando como uma felina satisfeita. O som insistente do celular vibrando quebrou o silêncio suave da manhã. Ainda sonolenta, olhei para o visor — o nome da Gladis piscava com urgência. Ao esticar o braço, vi as manchas em cicatrização espalhadas pela pele. Lembranças de Sion. Atrás de mim, Antero dormia profundamente. Só dormia assim ao meu lado — e esse detalhe, pequeno mas significativo, me fez sorrir de orgulho. Ele confiava em mim desde o primeiro encontro. — Oi, madrinha... — atendi com a voz rouca, resquício dos gritos noturnos — Vá agora até água corrente, rio ou cachoeira. Ela está te observando! Pergunte o que deseja para você, e seja rápida, Lívia! A adrenalina tomou conta do meu corpo. Saltei pela janela sem pensar duas vezes. Não devia me transformar — os filhotes ainda eram frágeis — mas meu instinto quase me dominou. Corri pela mata, subindo o curso do rio até chegar a uma cachoeira escondida. Ofegante, me ajoelhei: perna esquerda no chão, direita
Ania Saltito pelo chão frio, busco o quarto do Atenor, " Você consegue" , "você consegue repito na minha cabeça" se não der certo bola pra frente, eu não tenho nada a perder . Acho o quarto dele entre aberto, como se ele soubesse que eu iria até lá. Huum, ele sai do banho nu passando a toalha na cabeça, enxugando seus cabelos negros que morro de vontade de passar as mãos, meus olhos varrem aquele peitoral e eu quero lamber cada gota de água nele, ele coloca uma calça solta preta de pijama, minha mão parada no ar hesitava, diante de um silêncio absoluto, dou dois toques leves -Atenor está acordado...- Falo suavemente - Posso entrar?-Você sabe que pode. A pergunta e se devia.-Ele fala em um tom rouco.Primal. Eu entro, fecho a porta com cuidado apoiando minhas costas nela, ele entra no modo alerta, inala meu cheiro profundamente e parece se acalmar -Você parece cansado de me perseguir... - Falo com um belo sorriso vindo direto do hidromel que Lívia me deu- Ele senta na cama, ach
Último capítulo