Lívia cresceu em uma sociedade Lycan patriarcal, onde as fêmeas eram frequentemente subjugadas por seus companheiros ou pais. Determinada a mudar essa realidade, ela se especializou em defender mulheres acuadas, tornando-se uma advogada respeitada no Conselho Sobrenatural. Seu maior desejo era ser reconhecida por seu trabalho, não por ser a companheira ou a luna de alguém. Em seus planos, não havia espaço para um companheiro que não aceitasse sua independência. Estava decidida a rejeitar qualquer vínculo que ameaçasse sua liberdade. No entanto, o destino tinha outros planos. Os Lycans e os lobisomens haviam firmado um tratado de paz frágil, e rejeitar um companheiro poderia ser interpretado como uma traição à matilha — um crime punível com a morte. Os reis de ambas as espécies não toleravam negativas, especialmente quando se tratava de laços destinados pela deusa Selene. Antero, um Gama real com quase trezentos anos, era conhecido por sua lealdade e força. Seu lobo, à beira da loucura devido à solidão, ansiava por uma fêmea que lhe pertencesse de corpo e alma, que lhe proporcionasse um lar e conforto após séculos de batalhas. Amiel, o Beta do rei dos lobisomens, era o oposto de Antero: extrovertido, mulherengo e carismático. Apesar das diferenças, os dois compartilhavam uma amizade profunda desde a infância, forjada em batalhas e desafios enfrentados lado a lado. Quando ambos descobrem que estão destinados à mesma fêmea, Lívia, decidem desafiar as convenções de suas espécies e propor algo inédito: compartilhar o vínculo com ela. Para eles, a amizade e o amor por Lívia são mais fortes do que qualquer tradição. Agora, Lívia se vê diante de uma escolha impossível: seguir seu coração e preservar sua liberdade ou aceitar o vínculo triplo e arriscar tudo pelo bem de sua matilha.
Ler maisAntero Eu ainda a segurava, mesmo depois do ápice. Meu peito colado às suas costas, minha respiração pesada contra a curva do seu pescoço. Ela tremia levemente — não de frio, mas daquela sobrecarga que só o corpo de uma loba pode suportar. Acariciei sua cintura com uma delicadeza que contrastava com a força de minutos atrás. Amiel se sentou do outro lado da cama. Não havia disputa entre nós agora. Apenas o silêncio confortável de três corações sincronizados. O cheiro do nosso vínculo preenchia o quarto como um manto sagrado. *Lívia Estava exausta. Mas plena. Os dois estavam ao meu lado, e isso era tudo que eu precisava. Meus olhos se fecharam por um momento, mas não era sono — era gratidão. Amiel passou os dedos pelo meu cabelo, afastando as mechas molhadas da testa. Antero me abraçou por trás, com o corpo inteiro, como se me escondesse do mundo. — Eu ainda sou parte disso — ele disse em voz baixa, mas firme. Não como um pedido. Como uma promessa. Me
Antero Ali parado, num canto da cerimônia, observei minha fêmea. Respirei fundo. Minha loba estava onde deveria estar. No centro do poder. No centro da celebração. No centro dos nossos corações. E eu? Queria ser o primeiro a tocá-la quando tudo acabasse. Não por vaidade — mas para lembrá-la, e a todos, que ela tem dois alfas. E que um deles ainda a ama como no primeiro dia. Mantive os olhos nela. Não por ciúmes. Mas por direito. Ela ainda é minha. Minha Lycan. Minha companheira. Meu amor. Eu não demonstrarei fraqueza, mas era como se o mundo inteiro precisasse ser lembrado — e talvez eu mesmo — que também sou parte dela. Então... ela me olhou. Só por um instante. Entre os toques, entre os uivos, entre os cânticos. Mas bastou. Havia algo feroz naquele olhar. Reconhecedor. Me fazendo lembrar que ela era nossa. Não minha. Quando ouvi sua voz em meu link mental: "Não se esqueça,Antero. Eu sou sua também. " algo dentro do meu peito
Lívia A cerimônia de apresentação dos filhotes de Amiel havia chegado. A grandiosidade da matilha dele me pegou desprevenida. Tudo ali era ancestral, instintivo. A matilha vivia completamente dentro da floresta, cercada por árvores altas e densas, com um rio e uma cachoeira cortando o território como veias vivas. Um lugar onde os lobos correm livres. Dessa vez, não convidei amigos ou família. Segui as regras da matilha: na primeira apresentação, apenas membros do clã podem estar presentes. Solicitei, no entanto, a entrada de Antero — e, com ele, os nossos filhos. Todos precisavam entender: somos um pacote completo. Jamais deixaria Antero para trás. Em qualquer situação, ele estaria ao meu lado tanto quanto Amiel. Mesmo quando, por hábito, ele tentava se colocar em segundo plano, eu o puxava de volta. E, graças à Deusa, Amiel sempre honrou nosso acordo. — Pronta para o início da nossa cerimônia? — ele me perguntou com aquele brilho selvagem nos olhos. — Nasci pronta
Amiel Nos dias que se seguiram ao nascimento dos nossos filhotes, meus pais vieram visitá-los. Minha mãe trouxe consigo o conjunto de joias da linhagem do Beta — ouro puro e o raro diamante verde.O colar tinha quatro fileiras: a primeira de finos canutilhos dourados, depois diamantes verdes se repetindo até a quarta, num padrão que lembrava as rainhas do Egito. Dizem, inclusive, que esse conjunto pertenceu a uma rainha egípcia, lá no início da linhagem, considerando quantas gerações ele acompanhou, sempre servindo reis e rainhas.Dois braceletes de ouro maciço traziam figuras em relevo. Os brincos eram grandes, no formato de gotas de ouro com detalhe esmeralda, e a tiara tinha o mesmo padrão egípcio — sofisticado, majestoso. Quero minha Luna magnífica na apresentação dos nossos filhotes.Guardei o conjunto com carinho e agradeci à minha mãe por tê-lo trazido. Entre nós, machos, não temos voz nessa decisão. Uma vez que o conjunto é entregue à Luna, ele só será passado adiante a uma
Lívia Depois de todos os exames detalhados, veio o alívio: tudo certo comigo e com meus filhotes, graças à Deusa. Já o Amiel... esse vai acabar desmaiando de tanto que os pequenos puxam sua energia sempre que ele encosta na minha pele. A curandeira acredita que serão lobos betas, e não Lycans. Sinceramente? Eu não reclamo. Me sinto bem menos cansada quando “roubo essência” dele. Que continue assim. Hoje temos a cerimônia dos padrinhos — o momento em que eles se comprometem a cuidar do bem-estar dos filhotes, caso eu e Amiel visitemos a Deusa antes da hora. Minha barriga está saliente, firme, redonda... a qualquer momento os filhotes podem decidir vir ao mundo. Amiel cumpriu sua promessa. Estive sempre sob sua vista, por mais teimosa que eu fosse. Tivemos momentos engraçados, outros caóticos... e, no fim, isso é a vida.O altar da Deusa — que mandei erguer perto da cachoeira onde ela apareceu pra mim — foi escolhido para a cerimônia. O cenário era mágico. Estavam presentes o Rei
LíviaComeço a ficar tonta — e nem é por causa da gravidez. Ania já está voando em círculos faz quase uma hora.— Amiga, calma... respira. Desse jeito eu vou acabar vomitando — falo, tentando manter a gentileza, juro.As asas dela, frenéticas, espalham ainda mais glitter dourado pelo quarto.— Chega, Ania. Senta aqui. — Puxo ela pelo pé até a cama. Seguro seu rosto entre minhas mãos e falo firme:— Vamos lá... Você queria um bebê fada e veio um lobinho... ou dois. Não é tão ruim assim. Eu sou mãe de três e vou te dar todo o suporte que precisar. Eu, Atenor, minha mãe... E quando chegar perto do nascimento, chamo a Helena, a médica humana. Se quiser, chamo a Eliz também. Faço qualquer coisa pra te ver feliz, minha fadinha. Uma lágrima escorre do olho dela e meu coração parte. Ania sempre foi minha fonte de alegria... e agora era minha vez de retribuir.— Espera aí, já sei. — Pego o telefone e ligo para a Gladis.Alguns minutos depois, ela chega.— Olá, minha querida.— Oi, Gladis. Temo
Último capítulo