Lívia:
— Anda, aceite a derrota, Liv. — Meu corpo brilhava de suor, minha pele estava pálida, vermelha e com alguns roxos. Meu cabelo preso em um rabo de cavalo. Uma roda de machos e o nosso beta acompanhava nossos golpes. — Aii! — Me abaixei e fingi uma torção no pé. Leon se alarmou e desfez sua postura de luta. Me levantei rápido, o surpreendendo, pulei o máximo que pude e desci em suas costas em um mata-leão. Ouvi o uivo dos homens. — Você enforcaria seu futuro alfa, Lívia? — ele falou em minha mente, com sua áurea dominante. — Você não vai usar aura dominante comigo, né, Leon? — Bufei e o soltei. Se tinha uma coisa que eu detestava nessa vida, era ter que me curvar e mostrar o pescoço. — Foi você que começou a roubar quando fingiu que tinha se machucado. — Ele falou com um riso debochado de canto de boca. Os machos riram, eu rosnou para eles, e eles se calaram. Eles sabiam: meu irmão era o único que conseguia me vencer ali, e aproveitavam para me ver comer poeira. — Vamos, já chega de treino para você por hoje. Eu tenho que resolver algumas coisas no escritório. Quero que vá até lá depois do seu banho também. — Quando nosso pai está fora resolvendo o problema dos renegados, meu irmão lidera a matilha. — Tudo bem, já chego lá... — Eu precisava descarregar minha frustração. Vi o Beta passando para o vestiário. As jovens lycans são ensinadas a se manterem virgens e se entregarem somente aos seus companheiros pela vida toda. Eu não ligo. Nenhum macho chega virgem para sua companheira. Os machos sobrenaturais são como cachorros, gostam de estar metendo e demarcando território. Eu tenho 24 anos. Desde os 18 escolhi meu caminho. Entrei na faculdade de Direito, estudei muito e me formei com louvor aos 22 anos. Desde então sigo minha carreira. Aos 18 também me entreguei ao Beta da alcateia, Eron. Sempre admirei sua força. Os olhos dele sempre brilharam ao me ver. Sempre achei que ele fosse o meu escolhido. Infelizmente, quando completei 18 anos e poderia sentir meu escolhido, isso não se concretizou. Ainda assim, eu estava muito apaixonada e queria sentir essa paixão. Tomei a frente, provoquei, e uma hora Eron não resistiu... Entrei no vestiário. Ele estava de costas, suas costas definidas, cada músculo marcado. Ele sentiu minha presença e virou para mim. A imagem melhorou muito: aquela barriga definida, aquele peitoral largo... eram divinos. Cheguei perto, passei a mão pelo peitoral dele e fui descendo lentamente. — Serei um beta morto esses dias se seu pai nos pega. — E o risco vale a pena? Ele me beijou com força, passou seus braços ao meu redor, massageando meus seios, e passou a mão sobre meu ventre plano, apertando minha bunda. — Morrerei feliz, Liv... — Eu ri. Já sabia o que ouviria dele. Baixei devagar olhando para ele, coloquei seu membro enorme na minha boca, passei a língua na cabeça e engoli o tanto que pude. Vi ele enrijecer olhando para mim. Comecei a fazer leves massagens em seus testículos. Eu amo ser a fraqueza dele. Ele é gostoso, discreto e leal. Tudo o que preciso em um macho. — Liv... — Ele tenta tirar o pau da minha boca para gozar, eu o seguro porque é lá que quero que ele goze. Ele goza duro e geme. Eu lambo os lábios e olho pra ele. Mas ele já está pronto para a segunda rodada, para me satisfazer. É um macho insaciável. Me vira com as mãos espalmadas no azulejo do vestiário, me penetra profundamente, do jeito que amo. Suas duas mãos firmes em meus quadris e ele bombeia forte. Tira lentamente e, quando passa a massagear meu clitóris, quem geme gostoso sou eu. Gozo forte... Ele retira seu pau e goza no chão do vestiário, a água levando embora. Embora digam que bebês sobrenaturais só se fazem depois de marcados com a sua companheira, prefiro não arriscar. Nunca deixei ele gozar dentro de mim. Tomo minha porção mensal. — Lívia, já estamos há seis anos desse jeito. Eu posso marcar você, tê-la como minha companheira escolhida. Tenho certeza que o seu pai e o seu irmão me aprovariam. Afinal, eu sou o beta dessa alcateia. — Aí, quando aparecer sua companheira escolhida, eu fico com um filhote nos braços e você vai embora atrás dela. Ou o meu companheiro escolhido aparece... Ele pegou meu queixo e me fez olhar nos olhos dele. Eu vi dor e tristeza. Não imaginava que estava magoando meu amigo. Seria melhor terminar isso por aqui. Ele me pegou e me deu um beijo profundo. Eu entendi que a gente não se veria mais. Era uma maldita despedida. — Eu achei que você quisesse o mesmo que eu. Me desculpe. Eu não vou mais te procurar. — Eu te conheço desde menina. Eu sei que você tem medo que o macho mande em você, mas uma hora você vai ter que aceitar que é uma fêmea! E é para isso que você está destinada, Lívia! — Falou num tom mais brusco que nunca tinha usado comigo. — E por acaso você permitiria que, sendo sua companheira, eu trabalhasse no meio dos machos como no escritório e no tribunal? Ou continuasse indo para as lutas na arena da matilha? — Não! Você não vai poder ter tudo. Uma hora você vai ter que escolher... — Eu escolho! Eu escolho a mim mesma... — E saí sem olhar pra trás, pisando duro. Eu não podia ceder... e trair meus princípios. Subi as escadas em direção ao meu quarto. Meu irmão me encontrou no meio do caminho, franziu a testa, respirou fundo. Ele sentia o cheiro do Eron, mas não falou nada. Graças à Deusa da Lua, pelo menos ele me entendia. — Quando trocar de roupa, desça, Lívia. Precisamos conversar. — Revirei os olhos. Se ele me chamou de Lívia, deve ser coisa séria. Após o banho, desci para falar com ele. — Está tudo bem? — Sempre me desvendando fácil. — Está, sim. — "Não vou me debulhar em lágrimas, pode esquecer", penso comigo mesma. — Recebemos um convite de uma matilha real para os não acasalados, daqui a 20 dias. E a ordem do rei lycan é que nós vamos representando a nossa espécie. — Vou fazer os preparativos. — Tanto eu quanto meu irmão odiávamos essas festas. Os lobisomens eram uma espécie abaixo de nós. Mas se o rei mandava, quem éramos nós para desobedecer, né? Os reis tinham um objetivo: acasalar o máximo possível entre nós, para que as guerras entre as espécies não explodissem novamente. Eu tinha outro plano: passar o máximo de tempo solteira para poder desfrutar da minha vida. Afinal, quem com 24 anos sonha em trocar fralda e cozinhar o tempo inteiro? Passaram-se os dias. Chegou o dia da festa. Ficava em um vilarejo afastado, em uma mansão. O lugar estava lotado de lobos. AFFF... Os lobos eram mais dominantes, primitivos e possessivos do que os lycanos. Selene me livre de tal companheiro. Ficaria escondida em um canto qualquer até essa festa acabar. Meu vestido escolhido para a festa era de seda, na cor preta. Longo, até os tornozelos, com uma fenda na coxa direita. Na cintura, bordados com fios de ouro. O decote era tomara que caia em formato de coração, muito sensual. Escolhi um jogo de joias com colar e brincos da cor dos meus olhos azuis, e uma luva preta para combinar com o vestido. Coloquei uma capa preta por fora e vermelha por dentro, para dar um ar misterioso. Meus cabelos negros estavam soltos. Coloquei uma tiara dourada para enfeitar. Me olhei no espelho. O tecido delicado fazia o contorno de todas as minhas curvas. Talvez, se eu fosse humana, me passaria por uma bela modelo. Desci as escadas para a festa e me misturei um pouco. Mas não achei nada interessante. Já tinha me misturado, marcado minha presença. Ia ficar lá em cima na biblioteca, escondida das conversas fiadas de alguns machos chatos. Leon já havia sumido atrás de uma fêmea... Peguei um livro sobre a história dos lobos — esse não havia em nossa biblioteca. Nem me mexi mais. Senti o cheiro de um macho perfeito pra mim: era amadeirado e forte... Não, não e não... Um companheiro agora? Podia ser daqui uns 20 anos. Maldição...