Eu já tinha ouvido histórias sobre o poder de um vínculo de alma. Sobre como ele podia virar seu mundo do avesso, como o cheiro de um companheiro poderia incendiar seu sangue. Mas ninguém, absolutamente ninguém, me preparou para isso.
Quando olhei dentro dos olhos negros dele, foi como cair num abismo sem fundo... e eu? Não queria voltar. O cheiro que escapava dele era inebriante — uma mistura selvagem e quente, que fazia meu coração bater como se tivesse corrido quilômetros, e meu cio veio sem aviso, como uma onda que arrasta tudo. Me vi submersa.Necessitada. E então ela apareceu. Nix. Minha Lycan. Aquela mesma que passou seis longos anos em silêncio desde Eron. Que nunca opinava, nunca se mostrava. E agora? — “É ele! ELE!” — ela gritava na minha mente, empurrando minha consciência para o canto como quem toma o volante de um carro em alta velocidade. — “Calma, espera!” — tentei argumentar. Talvez ele não quisesse uma Lycan. Ou pior, talvez não quisesse uma que não sonha em parir uma ninhada. Talvez eu fosse demais... ou de menos. Mas então ele me penetrou com uma força que me arrancou um uivo. A conversa, os pensamentos, tudo se dissolveu. Meu corpo queimava por ele, minhas pernas tremiam como se fossem feitas de gelatina. Gozei pela segunda vez e, mesmo assim, ele não parou. Continuou me tocando, me explorando, como se quisesse mapear cada centímetro do meu corpo com seus dedos e sua boca. E ali, no meio de tudo, perguntei: — Você tem preservativo? Ele me olhou como se eu tivesse falado grego. E eu sabia. Sabia que seria diferente de Eron. Sabia que aquilo não era só sexo — era essência, era laço, era... destino. Mas, mesmo assim, meu ventre queimava. Um calor profundo, inquieto. “Vou tomar um banho, talvez ajude.” — pensei, desesperada por um pouco de lucidez. Mas bastou encostar na pele sensível, latejante, que um gemido escapou. E claro. CLARO. Ele apareceu atrás de mim como uma maldição esculpida, com aquele pau ereto e aquele corpo que parecia esculpido pela própria lua cheia. E aquelas mãos. As malditas mãos que deixavam meu corpo em chamas. — Espera! Espera... eu posso engravidar! Ele sorriu, aquele sorriso sacana e quente, e sussurrou no meu ouvido: — Eu sei...quero um filhote seu... Pronto. Nix praticamente soltou fogos de artifício de orgulho dentro da minha cabeça. Ele gozou dentro de mim. Outra vez. E outra. Foram cinco rodadas durante a noite. Cinco. E eu? Derretida. Envolta em prazer, exausta, completamente entregue. Quando finalmente dormi, estava nos braços dele. E por um instante, a paz parecia possível. Até que amanheceu. Acordei primeiro. Ele estava ali, sereno como um guerreiro em descanso profundo. E eu? Eu era o caos em forma de mulher. “Se ele vai pra batalha dormindo desse jeito, como está vivo até hoje?” — pensei, pegando meu vestido do chão nas pontas dos pés. Minhas roupas estavam espalhadas como folhas ao vento. Nada da calcinha. Claro. Fugi sem ela. Olhei para ele uma última vez. Meu coração apertou. — “Não faça isso com nosso companheiro...” — Nix choramingou em minha mente. Mas eu tranquei minha Lycan ninfomaníaca num canto escuro e silencioso da minha cabeça e... fugi. Chamei um carro de aplicativo. Demorou minutos que pareceram horas. Quando ele finalmente parou em frente à casa, entrei rápido. — Rápido — pedi ao motorista, enquanto olhava para trás, como se esperasse vê-lo surgindo a qualquer momento. E então, no exato momento em que cruzávamos os portões, um rugido. Um som selvagem, profundo, ferido. Um lamento que atravessou minha alma como uma lâmina quente. Meu peito doeu. “Será que ele me rejeitou? Mas... nós nem dissemos nossos nomes. Como pode?” Só que eu sentia. Sentia a dor dele. Sentia os sentimentos dele. E isso... não é normal. Olhei para a paisagem passando pela janela e tentei pensar em algo prático. Qualquer coisa. “Poção do dia seguinte. Sim. Preciso de uma agora.” “Gravidez lycan é rápida. Em uma semana pode aparecer.” “Preciso agir, planejar... fugir da armadilha.” Passei a mão no pescoço, sentindo uma ardência. E foi aí que percebi. “Uma... mordida?” “Ele... me marcou.” “Pela Deusa...” Uma lágrima grossa caiu no meu rosto. Nem sabia se era pela mordida, pelo vínculo, ou pela certeza cruel de que, marcada, minha Lycan não aceitaria mais nenhum outro macho. Talvez fosse por tudo isso. Ou talvez fosse pelo medo real e silencioso que crescia em mim. “E se eu estiver grávida? O que acontece com tudo o que eu lutei pra construir?” Não tive resposta. Só o gosto salgado da lágrima, a sensação da marca no pescoço e uma certeza amarga: “Machos não gostam de se sentir usados. Só eles podem usar. E vindo de uma companheira destinada... é ainda pior.” Respirei fundo. Sequei as lágrimas. “Não tenho tempo pra chorar. Tenho decisões a tomar.” E assim segui. Fugindo do amor mais profundo que já conheci... com o corpo ainda pulsando por ele, e o coração em pedaços.