A manhã já estava clara quando Glauco, em pé diante da janela, observava a cidade desperta sob a luz dourada do dia. O telefone encostado ao ouvido, era Danilo, que ligara cedo.
Glauco observava o movimento das ruas lá embaixo. A cidade parecia mais agitada que o habitual. Virou-se distraidamente, ouvindo um relatório sem importância, e então viu Amália, esparramada pela cama, dormindo serenamente.
Os lençóis cobriam apenas parte dos quadris. As pernas e as costas à mostra revelavam a pele alva e macia, e ele se perdeu nas lembranças da noite anterior.
Mal conseguia ouvir o que Danilo dizia.
Antes, Amália dormia sempre encolhida em um canto da cama, como quem se protegia do mundo mesmo nos sonhos. Agora, ela parecia confiante. Tranquila. A mulher que repousava ali era outra. Inteira, leve e sua.
— Seu irmão está em Palermo. Devo armar uma emboscada para ele? Dizia Danilo do outro lado da linha.
— O que ele está fazendo lá?
— Não sei bem ao certo.
— Deixe-o. Quero Manoela. Como te diss