Glauco ergueu os olhos.
— Por que você está tão animado? Perguntou, contido.
— Partimos amanhã de manhã. Vamos acabar com aqueles ratos sujos. Laerte respondeu, com o sorriso afiado que sempre o acompanhava. Puxou a cadeira e sentou-se.
— Você acha que isso é um jogo? Retrucou Glauco, a voz tensa.
— Não é a primeira vez que fazemos isso! Disse Laerte, como quem lembra que o ofício já os provou.
— Não, não é a primeira vez. Admitiu Glauco. — Mas é a primeira vez que eu vou querendo ficar.
Laerte franziu a testa, surpreso. — Por quê? Não compreendia o desânimo do irmão.
Glauco hesitou, a imagem dos olhos de Amália naquela manhã vindo-lhe à mente: as lágrimas, o grito sufocado “Eu não ligo”, um desespero que o dilacerava por dentro. A voz saiu difícil:
— Já contei para a Amália… ela está esperando um filho e...
O silêncio caiu pesado entre os dois. Laerte olhou para baixo, sentindo o peso da notícia. Por um instante, a animação sumiu do rosto dele também.
— Por que você não fica? Sugeri