O som do meu chinelo batendo contra o piso da mansão era o único sinal de vida naquela casa enorme. A cada passo, eu tinha mais certeza: o tédio mata. E mata devagar, feito veneno que escorre pela espinha.
Giulia tinha saído cedo com Aurora — alguma coisa sobre visita no pediatra e depois parada no shopping. Salvatore? Sumido desde a madrugada. Deve estar matando gente ou resolvendo aquelas tretas de mafioso sexy dele. Giovanni também. E eu? Eu tava ali. Sozinha. Num puta casarão silencioso, bonita demais pra ficar trancada e entediada demais pra fingir que isso aqui era um spa de luxo.
— Caralho, essa casa é grande demais pra pouca fofoca — resmunguei, passando pela sala e arrastando o dedo nos móveis só pra confirmar que a faxineira fazia o trabalho direito.