GiuliaFui vendida.Não como quem troca um objeto em um balcão de loja. Fui vendida como se fosse um prato de luxo — algo raro, caro, feito para ser consumido com pressa ou prazer. O salão ainda ecoava com palmas quando me fizeram sair do palco por uma escada lateral, os saltos machucando meus pés, o vestido colando na pele úmida.— Anda, ragazza — disse uma das assistentes, puxando meu braço com impaciência.Aos fundos, ouvi o leiloeiro anunciar a próxima atração, como se a minha dignidade tivesse sido apenas o aquecimento da noite.Fui levada por um corredor longo, coberto de espelhos e luzes âmbar. Meu reflexo parecia o de uma desconhecida: lábios pintados de vermelho escuro, o cabelo preso com grampos dourados, o vestido brilhando como pele de serpente. Meus olhos, no entanto, me traíam. Eles ainda estavam vivos. Ainda eram meus.A porta abriu com um estalo.Ele estava lá.Sentado em uma poltrona de couro, pernas cruzadas, uma taça na mão, o paletó impecável. Olhos escuros, frios,
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