Amara
A mesa parecia ter sido preparada para um banquete de reis. Pratos dourados, taças finas de cristal e travessas fumegantes cheias de comida exótica que eu nem sabia nomear. O cheiro era bom, mas o clima… sufocante. Sentei-me na cadeira pesada de madeira talhada, tentando me concentrar apenas no alimento, mas cada garfada parecia trazer junto a raiva que me consumia por dentro.
Do outro lado da mesa, Amanda me observava. Seus olhos azuis eram frios como gelo, e a maneira como ela segurava o copo de vinho mostrava um desdém quase elegante. Não disse nada, mas não precisava. O desprezo estava em cada detalhe: no jeito que ergueu uma sobrancelha, no modo como desviava os olhos de mim como se eu fosse uma intrusa indesejada.
Eu sabia que não gostava dela, mas estar sentada à mesma mesa me fazia sentir que o ar rareava. O silêncio entre nós era cortante. O estalar dos talheres parecia ecoar como trovões. E dentro da minha mente, a imagem da loira no colo de Apolo não parava de se repe