Mundo ficciónIniciar sesiónMara deixou para trás a pequena fazenda dos pais e o aconchego do interior para correr atrás de um sonho: formar-se e, um dia, voltar como professora para a escola de sua cidade natal. Tinha um namorado que falava em casamento, mas Mara nunca quis viver sob a sombra de um homem. Forte e decidida, ela sempre fez questão de ser dona do próprio destino — não aceitava ordens nem se deixava intimidar. Mas o rumo da sua vida muda de forma brutal quando é sequestrada por homens misteriosos e entregue a dois alfas — criaturas selvagens, cruéis e dominadoras. Só que, ao invés de vê-la quebrar diante do medo, eles se surpreendem com sua coragem e sua determinação. Agora, Mara terá que enfrentar uma escolha impossível: lutar com todas as forças para escapar... ou se render a uma paixão perigosa que pode mudar sua vida para sempre. --
Leer másPonto de Vista de MaraO som dos golpes ecoava pelo campo de treinamento como batidas de um coração em descompasso.O meu.Apolo girava diante de mim com precisão impecável, o corpo grande e forte se movendo com a leveza de um predador experiente. Arthur vinha pelo flanco, atento, silencioso, os olhos analisando cada detalhe do meu movimento. Eles não estavam apenas me treinando — estavam me observando. Sentindo. Tentando me ler.E isso era exatamente o que eu estava tentando evitar.— Concentre-se, Mara — Apolo disse, firme, enquanto desviava de um golpe meu que saiu lento demais.Assenti, respirando fundo, ajustando a postura. Meu corpo obedecia, mas minha mente… minha mente estava muito longe dali.Muito longe daquele campo, daquela alcateia, daquela vida.Porque, a cada golpe, a cada respiração, memórias que não eram apenas minhas surgiam como relâmpagos. Campos prateados sob luas que já não existiam. Batalhas travadas quando o mundo ainda aprendia a girar. Criaturas nascendo do
Ponto de Vista de ArthurMesmo que por fora eu e Apolo parecêssemos calmos, por dentro havia uma tempestade que não cessava. Uma daquelas que não anunciam sua chegada com trovões, mas que se formam lentamente, silenciosas, até rasgar tudo por dentro.Eu observava Mara dormir.Ela estava deitada entre nós, o rosto sereno, os cabelos espalhados pelo travesseiro como um véu escuro. Para qualquer um que entrasse naquele quarto, pareceria apenas uma jovem descansando depois de dias difíceis. Mas eu sabia. Eu sentia.Algo havia mudado.Desde que ela despertara com as lembranças da deusa, o ar ao redor dela parecia diferente. Mais denso. Mais antigo. Não era ameaça — era distância. Uma distância invisível que eu não sabia ainda como atravessar.Apolo estava sentado do outro lado da cama, encostado na cabeceira, os braços cruzados, os olhos fixos nela com a mesma intensidade que os meus. Nós não precisávamos falar para entender o que o outro sentia. Éramos irmãos antes de tudo. Lobos. Guardiõ
Ponto de Vista de MaraAcordei antes dos gêmeos.A respiração deles era tranquila, profunda, quase sincronizada, como se os dois compartilhassem um mesmo sonho. A luz tímida da madrugada entrava pelas frestas da janela, desenhando linhas prateadas sobre a pele deles., mas Apolo e Arthur permaneciam ao meu lado, como se esperassem a qualquer instante eu despertar assustada.Mas, naquela manhã, não era o presente que me despertava.Era o passado.As lembranças vieram como uma onda quente, avassaladora, rasgando a escuridão que sempre envolvera minha mente mortal. Imagens antigas, impossivelmente antigas, brotaram como relâmpagos por detrás dos meus olhos fechados. Respirei fundo, tentando entender, aceitar… mas a memória vinha inteira, sem pausas.Eu me sentei lentamente na cama, pressionando a mão contra a testa. Não estava vendo sonhos. Estava lembrando.Lembrando de quando eu era a Deusa.Da minha forma imortal, luminosa, moldada antes mesmo da primeira lua cheia acender o céu dos
Ponto de Vista de MaraQuando finalmente cruzamos os portões da alcateia, um suspiro escapou dos meus lábios antes que eu percebesse.Era exaustão… mas também alívio.E, de alguma forma, um tipo estranho de paz.Eu e Apolo caminhávamos lado a lado, enquanto Arthur mantinha o braço por cima das minhas costas, guiando-me com cuidado, como se o menor vento pudesse me derrubar. E, de certa forma, poderia. A energia da Deusa ainda latejava dentro de mim, oscilando entre forte demais e frágil demais, como uma chama tentando se ajustar ao próprio brilho.— Estamos em casa — Arthur murmurou, a voz grave vibrando contra meu ombro.Casa.A palavra soava diferente agora.Forte. Quente. Perigosa, talvez.Mas real.Passamos pelos corredores, e vários lobos da alcateia nos observaram com respeito — e um pouco de temor. Desde que voltei, desde que minha essência divina começou a despertar, eu percebia coisas que antes não notava: o jeito como as pessoas me olhavam, como suas auras mudavam, como
Ponto de Vista de CallumA lua estava alta quando ela despertou novamente.A mesma lua que um dia eu amaldiçoei, a mesma que um dia iluminou Selene… e que agora brilhava sobre essa humana, deitada na minha cama como se pertencesse a mim.Eu nunca iria admitiria isso em voz alta.Nem para os deuses, nem para os demônios, nem para mim mesmo.Mas quando ela abriu os olhos — verdes, profundos, como se guardassem o segredo de eras inteiras — senti o chão tremer sob meus pés. Não literalmente. Era algo dentro de mim, um terremoto silencioso que eu não conseguia controlar.Ela me olhou como se já me conhecesse. Como se não enxergasse o monstro que eu sou.E isso… isso me destruiu.— Você não… dormiu? — ela perguntou, a voz suave, carregada de sono.— Demônios não precisam dormir — respondi, aproximando-me sem perceber.Ou talvez percebendo demais.A respiração dela acelerou quando me aproximei, mas não era medo.Era… expectativa.Desejo.Desejo por mim.Pelo monstro.Pelo inimigo de S
Ponto de Vista de Callum, o DemônioA escuridão sempre foi o meu reino.Desde que abandonei tudo o que fui, desde que o nome Callum deixou de significar criação, vida e luz, e passou a ser sussurrado como um presságio de destruição, o silêncio tornou-se meu único companheiro.Ou, ao menos, deveria ter sido.Mas naquela noite — naquela maldita noite — o silêncio foi quebrado.Eu estava dentro de um dos antros que Sebastian costumava frequentar antes de se tornar meu receptáculo. Ele achava que estava no controle… coitado. Aos poucos, ele deixava de existir, desaparecendo como um sussurro apagado pelo vento. Logo, seria apenas eu.Apenas o demônio.Mas mesmo enquanto Sebastian se desfazia, certos hábitos humanos dele ainda me prendiam. Boates, corpos, gritos abafados, cheiro de medo e luxúria misturados como sangue quente no chão.Era ridículo. Mas também… útil.Foi ali que eu a vi.Entre dezenas de mulheres sendo negociadas como objetos descartáveis, uma chamou minha atenção.Loira
Último capítulo