Mara deixou para trás a pequena fazenda dos pais e o aconchego do interior para correr atrás de um sonho: formar-se e, um dia, voltar como professora para a escola de sua cidade natal. Tinha um namorado que falava em casamento, mas Mara nunca quis viver sob a sombra de um homem. Forte e decidida, ela sempre fez questão de ser dona do próprio destino — não aceitava ordens nem se deixava intimidar. Mas o rumo da sua vida muda de forma brutal quando é sequestrada por homens misteriosos e entregue a dois alfas — criaturas selvagens, cruéis e dominadoras. Só que, ao invés de vê-la quebrar diante do medo, eles se surpreendem com sua coragem e sua determinação. Agora, Mara terá que enfrentar uma escolha impossível: lutar com todas as forças para escapar... ou se render a uma paixão perigosa que pode mudar sua vida para sempre. --
Leer másNunca aceitei a ideia de ser frágil. Nunca fui aquela garota que esperava ser salva no cavalo branco. Cresci aprendendo a me levantar sozinha, a engolir a dor e a seguir em frente. Por isso, naquela manhã em que o sol mal tocava a copa das árvores, recusei a fantasia que alguns tentavam me impor: a de donzela indefesa. Eu não era um troféu. Eu não era um prêmio. E jamais deixaria que aqueles lobos me transformassem em motivo de escárnio.Vesti roupas de treino — calça justa, regata e tênis — e prendi o cabelo em um rabo prático. Fingiria uma corrida matinal. Era a desculpa perfeita: sair sem alarde, deixar meus pensamentos limpos pelo ar, observar a alcateia sem sermões. Mas já desde a primeira passada percebi que a manhã seria diferente. Os olhares começaram mais frios que os de costume; sussurros se abateram como um vento gelado. Eu sabia o que vinha pela frente.Quando atravessei o pátio, um grupo de mulheres se ajeitou, como se uma orquestra invisível comandasse a cena. A chefe de
Amara O sol da manhã atravessava as janelas largas do quarto, tingindo os lençóis amassados de dourado. Meu corpo ainda doía do prazer e da intensidade da noite anterior. Apolo e Arthur tinham um jeito feroz de me possuir, como se quisessem gravar suas presenças em mim para sempre. E, por mais que eu odiasse admitir, cada toque deles fazia algo dentro de mim estremecer.Mas naquela manhã, decidi que precisava de ar. Precisava sair daquele quarto sufocante, onde tudo cheirava a eles.Coloquei um vestido simples, amarrei os cabelos e, descalça, abri a porta. O corredor estava vazio, mas podia sentir a movimentação ao longe. Vozes, passos, risadas abafadas. Respirei fundo e segui, sem rumo certo, apenas guiada pela curiosidade de entender o lugar em que estava presa.Quando atravessei as portas que davam para o pátio, a luz do sol me cegou por um instante. Respirei o ar fresco e percebi, pela primeira vez, o tamanho da alcateia. Casas espalhadas, algumas de madeira, outras de pedra; tri
SebastianO salão estava vazio. Apenas as lâmpadas de néon ainda piscavam, estalando como se protestassem contra a madrugada que se derramava pelas ruas da cidade. A música já havia cessado, as portas estavam trancadas e o cheiro de álcool, suor e sangue impregnava as paredes da casa noturna.Naquele palco de ilusões, homens acreditavam estar no comando, mas a verdade era outra. A boate — um dos pontos mais disputados pelos ricos do mundo sobrenatural e pelos que buscavam prazeres proibidos — pertencia, na realidade, a Sebastian. Seu nome, no entanto, não figurava em registro algum. Ele se mantinha na sombra, escondido, porque o conselho o queria morto. E por isso, nunca aparecia: governava com mãos invisíveis, usando testas de ferro, seguranças e capangas como disfarces.Do escritório nos fundos, Sebastian observava tudo através de câmeras escondidas. Havia visto a cena inteira naquela noite fatídica: a humana, arrastada pelos corredores, sendo exibida como mercadoria rara. Tinha vis
MaraEu nunca pensei que Arthur pudesse ser ainda mais perigoso que Apolo. Sempre o vi com aquele sorriso doce, a gentileza nos olhos, como se fosse o oposto do irmão. Se Apolo era fúria e intensidade, Arthur parecia calma e suavidade. Mas naquela noite… naquela noite eu descobri que estava enganada.Quando vi seu rosto fechar, seus olhos escurecerem como carvão em brasa, e ele partir em direção àquela loira atrevida, percebi que por trás da doçura também havia uma fera. Não sei o que ele fez com ela. Não sei se a machucou, se a trancou em algum canto daquela imensa propriedade ou se… matou. Mas não me importo. A verdade é que, no fundo, aquela loba não significava nada para mim. Eu só queria distância dela.Subi as escadas em silêncio, meu coração batendo acelerado. Não de medo — dessa vez não — mas de cansaço. Coloquei meu pijama, me deitei na cama macia e pela primeira vez desde que cheguei aqui consegui sentir uma estranha sensação de conforto. O silêncio da mansão era quase recon
ArthurO rosnado ainda ecoava nas paredes quando Priscila saiu correndo pela porta da sala de jantar. O cheiro dela, misturado à arrogância e ao perfume barato que sempre usava para tentar nos seduzir, impregnou o ambiente como veneno. Eu estava respirando pesado, o peito arfando de raiva. A cada batida do meu coração, eu sentia a fúria crescer, como se algo em meu interior exigisse que ela fosse punida de maneira exemplar.Apolo se aproximou de Mara, os olhos suplicantes, tentando acalmar a companheira que tremia entre a raiva e o ciúme. Eu, porém, não consegui me concentrar neles. A única coisa que martelava na minha mente era a ousadia daquela mulher. Priscila havia atravessado todos os limites.Eu a conhecia bem. Priscila sempre fora insolente, atrevida, convencida de que poderia se aproximar de mim e do meu irmão sempre que quisesse, como se fôssemos propriedade dela. Ela gostava de provocar, de testar até onde podia ir. Mas agora, com a chegada da nossa companheira, aquilo se to
AmaraA mesa parecia ter sido preparada para um banquete de reis. Pratos dourados, taças finas de cristal e travessas fumegantes cheias de comida exótica que eu nem sabia nomear. O cheiro era bom, mas o clima… sufocante. Sentei-me na cadeira pesada de madeira talhada, tentando me concentrar apenas no alimento, mas cada garfada parecia trazer junto a raiva que me consumia por dentro.Do outro lado da mesa, Amanda me observava. Seus olhos azuis eram frios como gelo, e a maneira como ela segurava o copo de vinho mostrava um desdém quase elegante. Não disse nada, mas não precisava. O desprezo estava em cada detalhe: no jeito que ergueu uma sobrancelha, no modo como desviava os olhos de mim como se eu fosse uma intrusa indesejada.Eu sabia que não gostava dela, mas estar sentada à mesma mesa me fazia sentir que o ar rareava. O silêncio entre nós era cortante. O estalar dos talheres parecia ecoar como trovões. E dentro da minha mente, a imagem da loira no colo de Apolo não parava de se repe
Último capítulo