Em um mundo onde a inimizade entre vampiros e lobos mancha a noite com sangue, Luara, uma humana de fibra, e Eros, um vampiro envolto em mistério, personificam essa antiga rivalidade. Seus encontros, inicialmente marcados por faíscas de ódio, evoluem para uma atração proibida e intensa, desafiando as barreiras de suas espécies. No entanto, o destino revela a Luara um segredo chocante: ela é uma loba, a lendária figura capaz de trazer a paz para ambos os clãs. E o milagre que ela carrega em seu ventre – os filhos de um vampiro – torna sua existência ainda mais crucial e perigosa. Esses herdeiros incomuns representam uma quebra sem precedentes nas leis da natureza, um elo controverso entre dois mundos em guerra. Agora, Luara e Eros não lutam apenas por seu amor, mas pelo futuro de seus filhos e pela possibilidade de uma coexistência pacífica. Perseguidos por ameaças, eles precisam desvendar profecias ancestrais e enfrentar inimigos poderosos que desejam usar o milagre de seus filhos para seus próprios fins. Em meio a segredos sombrios e sacrifícios inevitáveis, o amor deles será forte o suficiente para forjar um novo destino, onde vampiros e lobos possam, finalmente, encontrar a alvorada da paz.
Leer másLuara
Espiei pela janela, a rua lá fora parecia morta, um silêncio pesado cobria tudo. Ninguém na rua, eram só quatro da tarde, mas todos já estavam escondidos em casa. Isso virou rotina desde que os lobos tomaram o mundo. Esses lobos malvados, criaturas da noite. Faz anos que vivemos nesse inferno, eles invadiram tudo, não existe um país onde eles não estejam. Vivemos presos em nossas casas, assim que a noite chega, um toque de recolher soa, porque é a hora em que esses seres noturnos saem pela cidade. Ninguém sabe como eles se tornaram tão ruins. Há muito tempo, os lobos viviam em paz com todos e podiam se transformar em humanos, mas hoje, eles são só lobos e perderam essa capacidade, viraram assassinos e nos aterrorizam. Nunca explicaram o que mudou ou o que aconteceu com eles, só sei que hoje vivemos com medo deles. De dia, eles ficam fracos e se escondem em cavernas, mas à noite, eles se transformam em assassinos e matam quem estiver pela frente. Tenho vinte e cinco anos, minha mãe conta que eu ainda era bebê quando anunciaram a primeira morte causada por um lobo. Desde então, eles se tornaram o terror dos humanos, nunca aproveitei minha juventude, nunca soube como é sair à noite com os amigos, voltar para casa depois de uma festa. A vida de todos mudou completamente, e tudo por culpa desses bichos. Claro que a vida das pessoas não parou, ainda trabalhamos, estudamos, mas eu costumo dizer que vivemos só metade dos nossos dias, porque a noite é de silêncio total e trancados em casa. — Luara, saia dessa janela agora! — minha mãe me repreendeu. Olhei mais uma vez para a rua e vi um dos lobos destruindo um carro com uma família dentro. O que eles estavam fazendo na rua depois do toque de recolher? Senti que me puxaram da janela e logo minha mãe fechou as cortinas e verificou todas as trancas de chumbo. Sim, nossa casa é coberta de chumbo, das portas até a janela. Os lobos são muito fortes, e infelizmente o chumbo não impede que entrem, principalmente se estiverem em grupo. Por isso vivemos escondidas, com as luzes apagadas a noite toda, e em silêncio, muito silêncio, porque eles ouvem muito bem. — Quando isso vai acabar? — senti lágrimas e me abracei com as mulheres da minha vida. Somos só nós três desde que meu pai foi morto pelos lobos. Esse foi o pior dia da minha vida e tudo por minha culpa. Aconteceu numa sexta-feira, seis anos atrás. Estávamos voltando do mercado, o tempo estava feio, a chuva deixou o dia escuro, e não imaginávamos que os lobos apareceriam tão cedo. Eles só saíam de suas cavernas à noite, mas com o tempo escuro, foi perfeito para eles. Corremos para chegar em casa, e respiramos aliviados ao entrar e não encontrar nenhum pelo caminho. Mas eu deixei cair meu medalhão, um presente do meu pai no dia do meu nascimento. Ao me ver chorando, ele voltou para pegar, nessa hora, dois lobos apareceram e meu pai foi um herói, ele olhou para nossa casa, mas correu para o lado oposto, levando os bichos para longe de nós. Vi meu pai ser morto e tudo por minha culpa. — Não chorem meninas, tem um lobo perto da nossa casa. — minha mãe nos alertou. Ficamos em total silêncio, rezando para que ele fosse embora e não tentasse derrubar nossa casa. Os lobos não são inteligentes, eles não sabem que dentro das casas podem ter pessoas, eles só atacam se ouvirem barulhos ou movimentos. Minha mãe disse que isso também mudou neles, porque antes não era assim. Antes, os lobos eram muito inteligentes e ficavam na deles, não machucava ninguém, ela acha que eles estão possuídos por magia negra, por isso viraram assassinos. Respiramos aliviadas quando percebemos que ele se afastou. Essa é nossa vida há vinte e cinco anos. Imagino as casas com bebês, é muito difícil manter o silêncio. Lembro das noites em que minha irmã tinha que ficar dentro de uma caixa fechada para abafar o choro. Era triste vê-la ali, mas como nada a fazia parar de chorar, era a única solução. Por isso não quero filhos. Lembro do ataque que aconteceu na casa dos nossos vizinhos por causa de um bebê. Toda a família morreu. Ter bebês nesse tempo não é uma bênção, é sua sentença de morte. Lobos não são imortais, eles podem morrer, mas nós, humanos, não temos força para lutar contra eles. Armas não funcionam. Os únicos que têm força para matar um lobo são os vampiros. Os vampiros são nossos aliados, odeiam os lobos e são os únicos fortes o suficiente para matá-los. Não existem muitos vampiros no nosso país, a maioria mora na Romênia. Lá existe uma brigada de vampiros, um lugar protegido onde nenhum lobo consegue entrar. Mas eles não aceitam qualquer humano, para viver lá, precisa haver algum interesse dos vampiros nos humanos, e não falo só de sangue. Meu pai, antes de morrer, tentou contato com eles, mas não nos aceitaram porque não precisavam de um advogado. A única pessoa que poderia interessá-los era minha mãe por ser médica, mas eles já tinham médicos humanos. Sonho em viver uma vida diferente, poder sair à noite com meu namorado, meus amigos. Mas vivemos presos, o mundo virou de cabeça para baixo. Tive que aprender a viver essa nova vida, uma vida onde é impossível sair à noite sem encontrar um lobo.Luara A semana passou com uma rapidez surpreendente, e para meu alívio, não houve mais confrontos com os vampiros. Arriscaria dizer que talvez, em algum futuro distante, pudéssemos até conviver pacificamente. Adrian parecia um pouco melhor, começando a aceitar a perda do amigo. Na verdade, a morte havia se tornado uma visitante tão frequente em nossas vidas que sua chegada já não nos abalava com a mesma intensidade de antes. As notícias da minha cidade eram cada vez mais sombrias. Adrian contava que os lobos agora se moviam em bandos cada vez maiores, e avistar um solitário havia se tornado uma raridade. Meu coração se apertava por ele, imaginando a dificuldade de viver sozinho, sob o peso constante do medo. Mas eu estava decidida, iria me arriscar. Falaria com o conde, ele precisava permitir que Adrian viesse para a brigada. Nem que eu tivesse que perder meu precioso sangue novamente, estava determinada a implorar, a barganhar, a fazer o que fosse preciso para ter meu namorado seg
Luara Lívia estava absolutamente certa, a escola era imensa e inteligentemente dividida em duas alas distintas. O andar superior pulsava com a energia dos universitários, enquanto o térreo ecoava com a algazarra dos mais jovens. — Uau, até que os vampiros fizeram um bom trabalho por aqui — admiti, observando a organização e a estrutura impecável do lugar. — É porque você ainda não viu a quadra, não vou ficar sem meu vôlei — Lívia exclamou, sua paixão pelo esporte superando momentaneamente sua fascinação pelos vampiros. — Tem algum vampiro estudando aqui? — perguntei, a curiosidade me picando. — Sim, mas o horário deles é a noite. Eles tem aulas e atividades separadas dos humanos. — Ah claro, durante o dia os sanguessugas devem estar dormindo em seus caixões — tentei uma piada, mas Lívia me lançou um olhar exasperado. — Eles não tem caixões e não dormem. Ah, quer saber? Desisto de você — ela bufou e se afastou, me deixando sozinha com meus pensamentos sarcásticos. Consultei me
LuaraAssim que cruzei a porta de casa, minha mãe veio para cima de mim, me dando uns tapas antes de me examinar de cima a baixo.— Você está bem? Ele te machucou? — Ela me deu outro tapa, mais forte.— Ai mãe, ele não me machucou, mas a senhora vai acabar machucando!— Ficou louca de falar daquele jeito com o conde? E por que não leu a droga do livro? O vampiro que nos deixou aqui foi bem claro que era obrigatório!— Eu estava exausta da viagem.— O que aconteceu? Você não ia ficar uma semana no castelo alimentando o conde?— Acho que ele não gostou do meu sangue.— Ele te mordeu? — Lívia sorriu animada.— Sim, ele me mordeu, e aparentemente não gostou, já que me mandou embora.— Qual foi a sensação? Ouvi dizer que é pura adrenalina! — Lívia perguntou. Se ela soubesse qual era a sensação... Senti um arrepio só de lembrar do quase orgasmo.— Uma sensação que você nunca vai saber, Lívia. Graças a Deus os vampiros só mordem maiores de dezoito anos — minha mãe disse.— Eles são poderosos
Luara Encarei o livro, debatendo se deveria ou não lê-lo, considerando a proibição de tocar em nada. Mas quer saber, que se dane! Se me trouxeram para este quarto, então, tecnicamente, ele me pertence. Logo tudo aqui é para uso da hóspede. Decidi ler aquela droga de livro de uma vez. Na primeira página, encontrei um desenho do conde, uma imagem em preto e branco, certamente obra de algum artista humano. Ao lado, a descrição do soberano. Dizia que ele era a primeira criação do conde Drácula, e com a morte de Drácula, o título passou para seu primogênito. Então Drácula existiu mesmo. Que sinistro! A cada página lida, meu choque aumentava. O conde Eros foi maltratado por sua família desde bebê e quando cresceu, foi brutalmente assassinado pela própria mãe. Meu Deus! Drácula presenciou tudo naquela noite e acabou salvando o garoto, matando toda a sua família. Eros foi transformado em vampiro aos vinte e sete anos. "Coitado, perdeu sua juventude." — Não diria que perdi algo, pelo c
Luara Fiquei paralisada, sem entender o que aquele vampiro queria comigo. — Por favor soberano, perdoe minha filha — minha mãe implorou, a voz embargada. — Se me permite a pergunta soberano, o que fará com minha irmã? — Lívia perguntou, sua voz carregada de uma estranha curiosidade. — Irei me alimentar dela por uma semana. Esse será seu castigo. Olhei para aquele vampiro incrédula. Ele achava que ia sugar meu sangue? Meu sangue lindo, cheiroso e delicioso? Era só o que me faltava! Vi o sorriso enorme de Lívia, imaginei que ela adoraria estar no meu lugar. — Acho que é o mínimo que ela me deve. Assim aprende a respeitar seu soberano. — Eu entendo. Se me permite, gostaria de implorar para que não a machuque. — minha mãe diz. — Não se preocupe doutora, sua filha voltará inteira. Agora saiam! Antes de sair, minha mãe me olhou com pesar e minha irmã fez um joinha com os dedos. — Seja forte querida. "Seja forte, era só isso que ela tinha a me dizer. Ela deveria estar gritando,
Luara A primeira noite na casa nova passou voando, apesar de tudo. Confesso que achei tudo um pouco estranho, mesmo com a decoração feia, a cama era tão boa que eu queria ter ficado nela para sempre. Mas logo fomos chamadas para ir ao Castelo do Conde Eros. Não sei se estou ansiosa para conhecer o tal poderoso. — Mãe, você viu meu medalhão? Não consigo achar. — pergunto preocupada, nunca me separo desse medalhão. — Deve estar perdido na mudança, quando tudo estiver arrumado, você encontra. Estão prontas meninas? — Sim, vamos logo, não podemos nos atrasar — minha irmã disse, e eu a encarei segurando o riso. Ela estava com um vestido cheio de lantejoulas. — Lívia, fomos chamadas para conhecer um vampiro, não para ir a uma festa. — Não é um vampiro qualquer, é o conde, o todo poderoso, o rei do submundo, o magnífico! — Já entendi. — Você devia ter se arrumado melhor. Que vergonha vamos passar, iremos conhecer o conde, não ir ao mercado. Eu estava de short jeans e uma blusinha co
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