Amara
Quando vi a porta do quarto destrancada, uma fagulha de esperança acendeu dentro de mim. Depois de tantas tentativas frustradas de escapar, finalmente havia uma saída. Aproximei-me devagar, como se qualquer barulho pudesse denunciar minha fuga. Girei a maçaneta com cuidado, prendendo a respiração, e o clique suave foi música para os meus ouvidos. O corredor estava silencioso, mergulhado numa quietude quase assustadora.
Caminhei na ponta dos pés, tentando não fazer o soalho ranger. Cada passo parecia uma eternidade. A mansão, tão imensa e luxuosa, agora me lembrava mais uma prisão dourada. Desci em direção às escadas, meu coração acelerado pela expectativa da liberdade. Mas, no momento em que alcancei o patamar, um som cortou o silêncio. Risos. Uma voz feminina.
Arfei e congelei onde estava. Aquele som não poderia ser de Amanda, a irmã dos dois, já que ela não falava. Então só podia ser outra mulher. A possibilidade me atingiu como uma lâmina gelada. O que aquela voz significava?