Arthur guia-me pelo corredor com uma firmeza que enerva e, ao mesmo tempo, segura. Seus passos são longos e decididos; o casaco roça as paredes, o eco acompanha cada movimento. Não é só o peso físico do corpo dele — há o peso do que ele carrega, das palavras que ainda pulsaram entre nós depois da chegada da mãe. Minha respiração treme; não sei se é do medo, da raiva ou da angústia diante do mistério que começou a desfiar.
Apolo acompanha-nos, as mãos cerradas, o corpo tenso como se pronto para explodir a qualquer sinal de ameaça. Sua presença é uma muralha viva; quando anda ao nosso lado, sinto o chão estremecer. Ainda não me acostumei com a mistura de proteção e posse nos olhos dele. Não é só ciúme: é algo ancestral, bruto e animal.
Entramos no meu quarto que Arthur e Apolo dorme o tempo todo comigo v— um aposento amplo, porém mais escuro do que eu lembrava. Ele fecha a porta com cuidado, mas sem hesitação, e eu percebo a intenção: quer conversar a sós. Coloca-se de frente para mim,