No fim, tudo se resolveu de forma quase... milagrosa.
Um homem que Alícia nunca tinha visto na vida provavelmente um cliente comum ou um figurão disfarçado se adiantou antes que o caos se instaurasse por completo.
Com jeitinho e palavras bem colocadas, ele fez o político acreditar que o quase-tombo tinha sido apenas um acidente bobo.
Nada demais.
Um tapete fora do lugar, um tropeço comum, uma distração qualquer.
E, por algum motivo que ela jamais entenderia, o político engoliu a história.
A tensão no bar se dissolveu lentamente.
As conversas voltaram, os risos também.
E Alícia fingiu que estava tudo bem. mesmo com o coração ainda dando sinais de alerta vermelho.
Quando seu turno finalmente chegou ao fim, ela não pensou duas vezes.
Guardou o avental, pegou suas coisas e foi embora em silêncio.
Ficar ali, no mesmo espaço onde tudo quase desmoronou, não era uma opção.
Não depois de ter encarado de perto o poder e o medo de alguém que podia destruir vidas com um telefonema.
De volta para casa, tudo o que Alícia queria era descansar.
Agitação e medo já tinham preenchido as últimas horas como convidados indesejados, e agora.
ela só queria o silêncio do próprio quarto.
Sua cama.
Seu tempo.
Tirou os sapatos logo na entrada e caminhou devagar até o quarto alugado, onde cada objeto tinha sido conquistado com muito mais esforço do que gostaria de admitir.
Se jogou na cama com um suspiro longo.
Estava exausta.
Mentalmente, fisicamente, emocionalmente.
O bebê.
Ela ainda não sabia como se sentia em relação a tudo aquilo.
A barriga mal mostrava, mas a realidade já pesava nos ombros.
Faltava menos de uma semana, segundo o último exame.
Poderia ter tirado. Poderia ter fugido.
Mas não conseguiu.
Não quis.
Uma vida é uma vida.
E mesmo que tudo estivesse desmoronando, ela decidiu lutar por ele.
— Vai ficar tudo bem… — murmurou, como se dissesse mais pra si mesma do que pra criança.
Se seria fácil?
Nunca foi.
Mas se conseguiu gerar uma vida, então
também conseguiria protegê-la.
Ao longo dos meses, ela tentaria comprar algumas coisinhas.
Nada luxuoso só o básico.
Fraldas, roupinhas, talvez um bercinho de segunda mão, mas seguro.
Se tudo desse certo.
Se conseguisse chegar até lá.
Se o mundo não a engolisse antes.
A gravidez era um turbilhão.
Um período onde tudo podia acontecer: do maravilhoso ao desastroso.
Mas, mesmo assim, ela queria tentar.
Se manter firme.
Erguer a cabeça.
Ser forte por alguém que ainda nem tinha visto o mundo, mas que já era tudo pra ela.
Com esses pensamentos se acumulando na mente, Alícia terminou de se ajeitar para dormir.
Tomou um banho rápido, vestiu uma camiseta larga e deitou-se na cama que ainda não era confortável, mas já era seu lugar de abrigo.
Só queria uma noite em paz.
Só isso.
Só por hoje.
Esperava que, ao menos naquela noite nada mais acontecesse.
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Leonardo Diamond
O dia começou com uma raridade: paz.
Leonardo acordou depois das dez da manhã, envolto por um silêncio incomum e confortável.
Zeus e Apolo, seus fiéis companheiros de quatro patas, estavam deitados aos pés da cama, o observando como dois soldados silenciosos atentos a qualquer movimento, mas claramente satisfeitos em vê-lo ali, sem pressa.
Era raro...
Acordar e não ouvir o celular vibrando com problemas, relatórios, cobranças ou falhas.
Nada disso.
Só a cama macia, o teto decorado em mármore veneziano e o cheiro da madeira cara do quarto.
Provavelmente, obra de sua mãe.
Dona Donatella devia ter dado ordens bem claras:
" — Deixem meu filho dormir. E quem ousar contrariar, trate de arrumar um bom lugar pra se esconder."
Ela era assim.
Elegante, controladora, e quando queria alguma coisa.
O mundo dava um jeito de obedecer.
Leonardo sabia reconhecer quando estava num dia de folga forçada.
E, por incrível que parecesse, não reclamaria disso ainda.
O que parecia paz...
Na verdade, era só o silêncio antes da tempestade.
Leonardo sabia disso.
Porque, se o fizeram parar tudo e dar atenção pessoalmente a uma dívida, então alguém devia muito mais do que devia ousar.
Talvez um empresário falido?
Algum jogador compulsivo, daqueles que apostam o carro, a esposa e a alma?
Ou algum cafetão metido a executivo, que vive de aparência e fraude?
Ele não sabia ainda.
Mas não importava.
Quem fosse, pagaria. Em dinheiro ou consequência.
Por hora, seguiu o ritual de sempre.
Banho quente.
Café preparado do jeito certo.
E, claro… Miranda quase tropeçando atrás de Apolo e Zeus, como se fosse um desenho animado.
Todo dia era isso.
A mulher praticamente esgoelava os pulmões gritando —voltem aqui!!— enquanto os dois cães corriam de um lado pro outro, como se tivessem nascido pra atormentar a existência da pobre coitada.
Leonardo?
Achava cômico.
Mas jamais admitiria isso em voz alta.
Um Diamond rindo de uma cena dessas? Nunca.
Ele só observava, impassível, enquanto por dentro ria feito um cretino.
Depois de se vestir com a habitual precisão de quem nasceu para o luxo, Leonardo se olhou no espelho.
Impecável.
Como sempre.
Só então desceu as escadas largas da mansão, o som dos próprios passos ecoando suavemente pelos corredores decorados com tapeçarias finas e molduras de ouro.
Ao chegar na sala de refeições, o café da manhã já estava perfeitamente servido.
Funcionários alinhados, postura ereta, olhos abaixados.
Nenhuma palavra. Nenhum som além da porcelana tocando os talheres e do leve tilintar da colher contra a xícara de porcelana.
Era estranho.
Estranho demais.
A paz absoluta incomodava mais do que qualquer tiroteio.
Leonardo encarou os rostos neutros ao redor da mesa.
Todos o observavam em silêncio ou melhor, esperavam suas ordens como se fossem androides bem treinados.
Por um segundo, ele pensou em quebrar o gelo.
Fazer uma pergunta qualquer.
Reclamar da temperatura do café só por esporte.
Talvez dar uma ordem aleatória só pra ver o caos acontecer.
Mas desistiu.
Seria estranho demais vinda dele.
Um Diamond não puxa assunto.
Um Diamond dá ordens.
E, naquele momento, ele não tinha nenhuma.
Então apenas bebeu seu café e mastigou lentamente o croissant amanteigado, enquanto tentava focar no verdadeiro assunto que o incomodava:
Quem diabos estava endividado até o pescoço com a máfia...
A ponto de mobilizar ele?
Pessoalmente?
A parte do capítulo do Leonardo e do capítulo 2. Posto uma parte por capitulo por dia, penso bastante em você e não quero que gastem bastante se não tiver no orçamento de vocês amo bastante fazer o melhor para vocês. Se lembre não faça PDF do meu livro por gentileza, já que eu estou escrevendo para vocês e pensando em vocês com muito carinho e amor. Desde já agradeço por continuar até aqui e até breve 💅❤️🙏.