- N.. não?
- Não, você está aqui para um propósito muito pior do que ser uma simples empregada. – a mulher veio de encontro a eles, ela era alta, loira, olhos verdes claros e uma expressão de desagrado nítida em seu rosto bonito. – Você é a nova consorte do rei vampiro. Sabe o que isso significa, Ravena Cairos? O meu novo nome foi pronunciado com todo o desdém que uma pessoa poderia usar. Bem, eu nunca fui querida por ninguém, esse tipo de tratamento não era novidade. - Não... eu não.. - Quer dizer que antes de um mês você vai estar implorando para que acabem com sua vida miserável mas não vai encontrar nenhuma misericórdia. E então, quando achar que pedir por sua morte não é o bastante... - Pare Callie! – Nathaniel interviu, segurando o cotovelo da mulher loira. – Não deve dizer essas coisas, vai irritar seu irmão. - Tanto faz. – ela jogou os cabelos perfeitamente alinhados para trás. – Vamos, você fede como um rato de esgoto. Se virou, caminhando para uma outra porta, do lado esquerdo da mesma parede em que a cama estava encostada. Eu segui atrás dela, dando algum espaço para não incomodá-la com meu odor. Me deparei com um banheiro enorme. No centro dele havia uma banheira oval de louça verde esmeralda com detalhes dourados. A água que a preenchia, exalava o cheiro de flores e de óleos nobres. Devia ajudar a mulher a se despir e a tomar banho? Nunca tinha ajudado uma nobre antes. A realeza do nosso mundo era algo intocável para uma empregada escravizada como eu. O máximo que fiz foi ajudar minha Luna e meu Alfa a se vestirem. - O que está esperando? Tire a capa e entre na água. – ela ordenou de forma impaciente. - Eu? – perguntei embasbacada. Isso não podia ser possível, esse lugar era luxuoso demais para que eu o usasse para tomar um banho. - Quem mais poderia ser? – ela bufou irritada. – Você é burra por acaso? Disse que você está fedendo! Sem esperar por minha resposta, a mulher arrancou a capa que envolvia meu corpo com um único puxão. Ela olhou para mim, analisando meu corpo magro e sujo. Abaixei os olhos envergonhada, estava acostumada com o asco das pessoas que me cercavam, mas agora por algum motivo desconhecido se sentia ainda mais miserável na presença dessa mulher tão altiva. - Entre na banheira. – ordenou, ainda me analisando. Assim que eu entrei, ela apontou para a parte de trás do apoio de cabeça, onde havia vários frascos. - Vai encontrar tudo o que precisa aí. Eu acenei e me sentei dentro da água morna, de costas para a porta. Senti minhas feridas arderem, mas ignorei completamente aquilo. Os passos da mulher se interromperam quando ela chegou na porta. - Mudei de opinião. Você não dura um mês como consorte do meu irmão. Se durar uma semana, será muito. As palavras dela alfinetaram meu coração aflito. Não entendia o que era uma consorte e nem por que ela disse que era um destino pior do que o de uma empregada. Mas de uma coisa eu tinha certeza, se eu tivesse que morrer de qualquer forma, preferia morrer aqui do que em cima de uma mesa de bilhar sendo estuprada pelo meu companheiro para quem quisesse ver. Para mim, que ganhei um nome e um banho que nunca tive na vida, estava no lucro. Até agora ninguém me bateu, e eu não fui obrigada a fazer nada com ninguém, então não conseguia ver como eu estava numa situação pior do que a que eu vivia na minha alcatéia. Analisando profundamente, eu já sabia qual era a raça com a que estava lidando. Nosso mundo era composto basicamente por quatro raças; os humanos, que não sabiam nada sobre nossa existência; as bruxas que viviam escondidas sem chamar a atenção, nós os lobos, que preferiam uma alcatéia na floresta a conviver com humanos, e os mais letais seres do sobrenatural.... Os vampiros. Esfreguei meus braços tentando afastar o arrepio de horror que me percorreu. Os únicos seres capazes de dizimar uma alcateia inteira, eram os vampiros. Tudo fazia sentido agora.Eu não sabia o que era uma consorte, mas de alguma forma devia ser melhor do que ser uma empregada da Lua Negra. Lá eu não tinha salário, tudo o que eu recebia era um pouco de comida e um galão de óleo para usar na minha cabana como combustível para duas lamparinas. Comecei a ser espancada desde pequena, então já sabia o que esperar quando alguém se irritava comigo. Acho que a gente se acostuma, como uma ferida que está sempre ali. A única coisa que nunca consegui me acostumar foi a sensação nauseante de ódio por mim mesma toda vez que Marcel me tocava. Esfregando meu corpo naquela banheira tão sofisticada, lavando minha pele com sabonete de verdade, pensei em quanto queria ver a cabeça dele decepada junto aos outros alfas. Aquele homem nojento me contou que era meu companheiro quando completei dezessete anos. Eu fiquei feliz, não sentia nada do que as pessoas diziam que era natural sentir com o vínculo, mas eu realmente acreditei que tinha encontrado o amor da minha vida. El
Um grande espelho na parede de pedra do quarto de vestir mostrava uma imagem que não condizia com o que eu sabia sobre mim. A mulher loira me fez vestir um vestido vermelho de um tecido tão bonito e macio que eu tive medo de estragar com o toque dos meus dedos ásperos.Havia renda adornando as mangas e o decote, ele lembrava o estilo medieval. Sapatos de salto de veludo vermelhos, meias de seda preta. E roupas de mulher. Sim, calcinha e sutiã de um material que eu nunca tinha visto e tocado. Nunca tive essas coisas, minhas calcinhas eram feitas por mim mesma, e geralmente eram de algodão ou malha de algum tecido descartado.Não sabia por que estavam me vestindo como uma boneca enfeitada, mas pensei que se ficasse calada, não apanharia. Nunca fiquei tanto tempo sem levar um tap@, um chute ou um soco.- Está na hora, vamos. – Callie, a loira me chamou de minha admiração boba. Um relógio antigo no canto da parede marcava quase meia noite. O que fariam comigo a essa hora? Era algum
Cyrus ValackO pescoço alvo e macio se inclinou para mim, expondo suas artérias pulsantes, afastei os cabelos finos e claros daquela criança que me oferecia de bom grado seu sangue doce.A carne macia cedeu a minha boca, e o gosto intenso daquele rico néctar desceu pela minha garganta. A menina sorriu feliz apesar da dor que sentia, elas sempre sorriam. {Cyrus?} Nathaniel me chamava pela comunicação mental que unia todos os meus súditos. Não respondi, e bloqueei sua busca por minha presença. Meu primeiro ministro me procurava por um único motivo; para que eu cumprisse o propósito da celebração na corte mais cedo.A esta altura ele já sabia que a nova consorte estava abandonada no meu quarto, e eu havia saído assim que a deixei inconsciente na minha cama. A criança lupina sucumbiu à pressão da minha presença antes mesmo de sair da corte. Carregá-la até o quarto foi o mesmo que levar uma pena entre os dedos. Seu corpo esquálido e maltratado não era a única coisa que foi massacrada.
RavenaOs sonhos estranhos e desconexos com o rei dos vampiros me faziam sentir uma infinidade de emoções desconhecidas. Até mesmo meu corpo reagia de forma diferente àqueles estímulos da minha mente.Acordei suada, sentindo meus músculos se esticarem ao extremo, meus ossos estalavam como se estivessem se movendo fora do padrão correto. Me sentei no colchão macio assustada. O que estava acontecendo comigo? Olhei em volta e meus olhos quase saltaram das órbitas. Não estava mais naquele primeiro quarto que eu achei bonito demais, digno de uma rainha. Eu estava em um lugar ainda mais luxuoso, com paredes revestidas com tecidos nobres, castiçais de ouro com velas perfumadas emanando um suave perfume.Cortinas altas de veludo vermelho escuro adornavam as três janelas da abóbada gigantesca. Uma mesa grande de madeira antiga com cadeiras elegantes entalhadas com detalhes dourados, estava forrada de frutas, pão, vinho, queijo e água. O quarto era tão grande que eu conseguia ver seu
CyrusNão era um momento divertido, mas não poderia evitar o sorriso que surgiu em meus lábios. Me coloquei atrás dela em menos de um segundo, observando seus movimentos frágeis e vacilantes enquanto abaixava as mangas do vestido. Sem que ela percebesse, desatei o nó de seu corpete e esperei que o amontoado de tecido deslizasse por seu corpo magro.Sua pele era uma mapa dividido em uma infinidade de cicatrizes, marcas mais recentes e feridas não saradas. Os ossos de suas costelas se projetavam para fora, cotovelos, escapula e coluna espinhal; todos eles evidentes como os galhos secos de uma árvore.Essa loba vivia como uma escrava e não como uma empregada. Olhei para suas pernas que tremiam violentamente, fazendo a lingerie farfalhar em sua pele. O cheiro de seu medo era intenso e vibrante. Os lobos eram uma raça forte com um grande poder curativo. Mas Ravena, além de não ter cheiro, não se curava. Ela estava oscilando entre a vida e a morte há muito tempo.Em séculos de existênci
O gosto dela era muito intenso e doce. Seus lábios aveludados não ofereceram resistência aos meus, mas tão pouco se moveram em retribuição. Me aprofundei em sua boca, sentindo a textura de sua língua pequena, quente e vacilante; explorando ainda mais sua doçura surpreendente.Desejei que ela enlaçasse o meu pescoço, que nossas bocas se fundissem com a mesma vontade febril que me acometia. Toquei seu corpo, buscando algum sinal de desejo, qualquer reação que poderia me libertar completamente.Mas não houve nenhuma. Ravena permanecia parada, estática, me permitindo fazer o que quisesse com ela, como se fosse uma boneca sem vida. Senti o desequilíbrio de minha energia, meus poderes estavam em conflito pela fome desenfreada. O controle nunca foi difícil para mim, sempre fui excepcional nesse aspecto; mas agora eu só queria me enterrar nessa loba esquálida e usar seu corpo até que seu cheiro não se desgrudasse mais de minha pele. Se não parasse agora, iria consumir Ravena completamente.
RavenaUma mulher de olhos roxos e cabelos da cor das chamas sorria para mim. Minha mãe dizia que ela era uma aliada da alcateia que veio nos visitar, mas eu não gosto da sensação estranha de pavor que percorre meu corpo pequeno e infantil ao olhar para aquela mulher.A imagem muda sutilmente, meus pais estão mortos aos meus pés mas não consigo ver seus rostos. Olhos roxos adentram a minha mente, palavras estranhas são sussurradas, meu olfato vai desaparecendo lentamente e eu me sinto fraca e impotente. “Você nunca deve encontrar. Está morta para este mundo” Aquelas palavras foram sopradas por um vento forte e o frio cortante que chegou a minha vida para sempre.- Pensei que ela estava morta. – a voz de uma mulher me despertou completamente. Abri os olhos assustada, procurando por meus agressores. Na minha última memória, alguém estava em cima de mim. Fui entregue a alguma diversão novamente?Fiquei surpresa ao compreender onde estava. Entre os lençois mais nobres que eu já vi na v
Meus passos vacilantes me levaram à porta alta de madeira. Bati, e esperei por alguns segundos respeitosamente. Adentrei uma câmara redonda com um teto em forma de cúpula de vidro. A claridade do sol, e os tons claros do mármore branco refletindo luz faziam aquele lugar parecer um altar celestial. Roseiras vermelhas e trepadeiras se enveredavam por pilares altos que subiam até a armação do teto. O cheiro pungente das flores e de sândalo impregnava o lugar. Nunca estive em um lugar tão bonito e tão harmonioso como aquele.No centro, havia uma enorme banheira entalhada no mármore. Era tão grande que mais parecia um pequeno lago. O rei estava sentado confortavelmente dentro dela, parcialmente imerso pela água. Seus braços desnudos se apoiavam na borda de pedra.Minha boca se abriu e fechou várias vezes ao ver seu torso nu, seus longos cabelos dourados cintilando com a luz do sol. Ele estava com os olhos fechados, com uma expressão tranquila em seu rosto perfeito.Torci minhas mãos sem s